Durante o período da Reforma Protestante, houve um grupo de cristãos que seguiu as implicações lógicas da visão Calvinista de unidade entre os dois Testamentos, aceitando e promovendo a observância do Sábado do sétimo dia como uma ordenança da criação para todos os tempos e pessoas. Nós os chamaremos de “Sabatarianos”, um nome frequentemente dado a eles por seus oponentes.
Estudos recentes mostraram que os “Sabatarianos” constituíam um grupo respeitável na época da Reforma, especialmente em lugares como Morávia, Boêmia, Áustria e Silésia. De fato, em alguns catálogos católicos de seitas, eles são listados imediatamente depois de Luteranos e Calvinistas. Erasmo (1466-1536) menciona a existência de sabatistas na Boêmia: “Agora ouvi dizer que, entre os boêmios, brotam novos tipos de judeus, a quem chamam ‘Sabbatarii’, que servem ao Sábado com grande superstição.”
Da mesma forma, Lutero relata a existência de grupos sabatistas na Morávia e na Áustria. De fato, em 1538, Lutero escreveu uma “Carta Contra os Sabatarianos” (Brief wider die Sabbathers), procurando argumentar biblicamente contra a observância do Sábado do sétimo dia.
Oswald Glait, um ex-padre Católico que se tornou um Luterano e então um ministro Anabatista, começou em 1527 ou 1528 a propagar com sucesso suas visões sabatistas entre os Anabatistas na Morávia, Silésia e Boêmia. Ele foi apoiado pelo erudito Andreas Fisher, também ex-padre e Anabatista. Glait escreveu “Um Livreto Sobre o Sábado” (Buchlenn vom Sabbath - por volta de 1530), o qual não é mais existente. A partir de uma refutação do livro de Glait, por Caspar Schewenckfeld, aprendemos que Glait ensinou a unidade do Antigo e do Novo Testamento, aceitando a validade e a relevância do Decálogo para a dispensação cristã.
Glait rejeitou a alegação de seus críticos de que o mandamento do Sábado é uma lei cerimonial como a circuncisão. Em vez disso, ele afirmou que o “Sábado é ordenado e mantido desde o princípio da criação”. Deus ordenou a “Adão no paraíso que celebrasse o Sábado”. Portanto, “o Sábado … é um eterno sinal de esperança e um memorial da criação … um pacto eterno a ser mantido enquanto houver mundo.” Por causa desse ensinamento, Glait enfrentou expulsões, perseguições e, finalmente, morte por afogamento no Danúbio (1546).
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A morte de Glait, talvez o líder mais proeminente dos Anabatistas Sabatistas, não impediu a propagação da doutrina do Sábado. Isso é indicado pela existência de observadores do Sábado do sétimo dia na época da Reforma em vários países europeus como a Polônia, Holanda, Alemanha, França, Hungria, Rússia, Turquia, Finlândia e Suécia.
No século XVII, a presença dos sabatistas foi particularmente sentida na Inglaterra. Isso é indicado pelo fato de, como observou R. J. Bauckham, “uma impressionante sucessão de porta-vozes Puritanos e Anglicanos se dirigirem ao combate ao erro do sétimo dia: Lancelot Andrews, Bispo Francis White, Richard Baxter, John Bunyan, Edward Stillingfleet, John Owen, Nathanael Homes, John Wallis. Seus esforços são uma admissão tácita da atração que a doutrina exerceu no século XVII, e os observadores do sétimo dia (que geralmente também defendiam o trabalho dominical) foram tratados com severidade pelas autoridades Puritanas e Anglicanas.”
Os Batistas do Sétimo Dia se tornaram a principal igreja Sabatista na Inglaterra. Sua primeira igreja na América foi fundada em Newport, Rhode Island, em dezembro de 1671. Por sua influência, outras denominações vieram posteriormente a também crer na doutrina do Sábado do quarto mandamento.
Traduzido e adaptado a partir de: Samuelle Bacchiocchi, “The Sabbath Under Crossfire: A Biblical Analysis of Recent Sabbath/Sunday Developments”, 1999, p. 64-66.
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