Nota do Tradutor: No período em que o Sol está oculto abaixo do horizonte, os guardadores do Sábado que habitam no Extremo Norte do planeta realizam a contagem do sétimo dia de meio-dia de sexta-feira ao meio-dia de Sábado, período correspondente ao pôr-do-Sol na região ártica durante o inverno. Nos dias de verão, em que não há pôr do sol, quando ele alcança o zênite (o ponto mais alto em seu aparente caminho circular no Céu), os habitantes de além do círculo ártico sabem que é meio-dia. Quando o Sol chega ao nadir (o ponto mais baixo no aparente caminho circular no Céu), nos dias de verão, eles sabem que é meia-noite. Este ponto mais baixo no aparente circuito solar é denominado ponto do norte, correspondendo ao pôr do Sol. Daí, os habitantes de além círculo ártico, observam no verão o sétimo dia de meia-noite de sexta-feira até meia-noite de Sábado. No artigo a seguir, Samuelle Bacchiocchi apresenta uma outra possibilidade de contagem. Nenhuma dessas visões representa necessariamente uma posição oficial da Igreja Batista do Sétimo Dia.

PERGUNTA

Qual deve ser a hora de início e término do Sábado nas regiões do Ártico, onde o Sol se põe muito cedo, ou muito tarde, ou não se põe durante parte do verão?

 

RESPOSTA

Significado mais amplo do pôr do sol. Historicamente, os observadores do Sábado tentaram seguir o princípio do pôr do sol, mesmo nas regiões árticas, ampliando o significado de “pôr do sol” para incluir, por exemplo, o fim do crepúsculo, a diminuição da luz, o momento em que o Sol está mais próximo do horizonte.

Cômputo do pôr do sol não ditado pelo mandamento. Pessoalmente eu respeito essa convicção, mas tenho dificuldade em aceitá-la como a única opção bíblica válida, por pelo menos três razões. Em primeiro lugar, a contagem do pôr do sol não é ditada pelo quarto mandamento, onde nenhuma instrução é dada sobre o tempo para começar e terminar a observância do Sábado. A ausência de tal instrução pode ser indicativa da sabedoria divina na formulação de um princípio adaptável a diferentes localizações geográficas.

Conclusão de seis dias de trabalho. Segundo, a aplicação do cálculo do pôr do sol nas regiões do Ártico, quando, por exemplo, o Sol se põe ao meio-dia, torna impossível observar a primeira parte do quarto mandamento que ordena: “Seis dias você trabalhará e fará todo o seu trabalho.” (Êx 20: 9)

Interromper qualquer emprego remunerado na sexta-feira antes do meio-dia para estar pronto para começar a observância do Sábado ao meio-dia significa reduzir o tempo de trabalho do sexto dia, que no pensamento bíblico consiste de aproximadamente 12 horas desde o nascer do sol até o pôr do sol (João 11:9; Mateus 20:1-8), para apenas as primeiras duas ou três horas da manhã.

Além disso, retomar o trabalho no Sábado depois do meio-dia significa cumprir o horário de trabalho do sexto dia, metade durante um período do sexto dia e metade durante um período do sétimo dia. Tal prática dificilmente pode refletir a intenção do quarto mandamento, que explicitamente ordena completar o trabalho em seis dias e então descansar ao Senhor no sétimo dia.

Duração do dia definida pelo relógio. Uma terceira razão pela qual o cálculo do pôr do sol não é adequado nas regiões árticas para determinar o início e o fim do Sábado é simplesmente porque nessas áreas o dia é definido pelo relógio e não pelo Sol.

Enquanto nas terras da Bíblia o tempo entre o nascer e o pôr do sol varia constantemente entre 12 e 14 horas durante o ano, nas regiões árticas o intervalo pode ser de menos de 3 horas em dezembro a mais de 18 horas em julho. O que isto significa é que enquanto nas terras da Bíblia, nascer e pôr do sol fornecem uma divisão lógica e equilibrada entre o dia e a noite, ou o tempo de trabalho e de descanso, nas regiões árticas esta divisão deve ser definida não pelo nascer e pôr do sol, mas pelo relógio.

Hora do pôr do sol equatorial. À luz da discussão anterior, o método mais adequado de avaliação do sábado nas regiões árticas é, a meu ver, de acordo com o tempo do pôr do sol equatorial, isto é, das 18h às 18h.

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Integridade do sexto dia de trabalho. Minhas razões para favorecer o pôr do sol equatorial para as regiões do Ártico são essencialmente três. Primeiro, a observância do Sábado nas regiões árticas a partir das 18h às 18h preservaria a integridade do tempo de trabalho do sexto dia que é pressuposto na primeira parte do quarto mandamento: “Seis dias trabalharás e farás todo o teu trabalho” (Êx 20:9).

Respeitar a integridade do tempo de trabalho do sexto dia, no entanto, não implica que se deva manter um emprego remunerado até o final do dia. Pelo contrário, a sexta-feira foi justamente chamada de “Dia da Preparação” porque parte do trabalho realizado naquele dia ocorria em preparação para o Sábado.

Compatível com o tempo do pôr do sol palestino. Uma segunda razão para favorecer o pôr do sol equatorial nas regiões do Ártico é o fato de ser bastante compatível com o tempo do pôr do sol nas terras da Bíblia.

Uma comparação entre as tabelas do pôr do sol na latitude da Palestina com as do equador revela que, em média, há menos de uma hora de diferença entre os dois durante o curso do ano. Assim, a hora do pôr do sol equatorial aproxima-se muito do das terras da Bíblia, proporcionando ao mesmo tempo um método consistente de reconhecimento do dia.

Compatível com o horário de trabalho. Uma terceira razão é sugerida pelo fato de que o tempo do pôr do sol equatorial é compatível com o horário de trabalho da maioria das pessoas que vivem nas regiões árticas.

A compatibilidade com o pôr do sol equatorial ou palestino em si não é um fator determinante, porque em nenhum lugar a Bíblia ou mesmo o senso comum sugerem que o tempo do pôr do sol na Palestina ou no equador deve ser o tempo normativo para determinar o fim do dia e o começo de um novo dia em todas as regiões da Terra. O que torna essa compatibilidade recomendável, no entanto, é o fato de a hora do pôr do sol da Palestina, como a do equador, respeitar o horário de trabalho da maioria das pessoas que moram em países do norte como o Alasca, Noruega, Suécia e Finlândia.

Nesses países do norte, como na maioria das nações industrializadas, a jornada de trabalho da maioria das pessoas termina entre 17 e 18h da tarde. Esta hora do dia é justamente conhecida como a “hora do rush”, porque é a hora em que a maioria das pessoas está correndo para casa no final do dia de trabalho.

O tempo de pôr do sol equatorial, então, por ser compatível com o término da jornada de trabalho da maioria das pessoas que vivem nas regiões árticas, oferece um método racional para observar o Sábado a partir das 18h.

Minha intenção em propor o tempo de pôr do sol do equador para as regiões do Ártico não é tornar pior uma situação já difícil, mas sim contribuir para a resolução do complexo problema do reconhecimento do Sábado nessas regiões do norte.

Se visões divergentes persistirem no tempo de início e término do Sábado nas regiões árticas, é minha esperança que o espírito de respeito mútuo, compaixão e caridade prevaleça. Que nunca nos esqueçamos da guarda do Sábado expressa obediência a Deus. 

 

Traduzido e adaptado por Fabricio Luís Lovato a partir de Samuelle Bacchiocchi, The Sabbath In New Testament: Answers to Questions, p. 161-164, 2000.

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