Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.

1 Coríntios 16:1-2

O Ellicott's Commentary for English Readers afirma que o texto acima aponta para o primeiro dia da semana como um tempo de "adoração distintamente cristã". O Jamieson-Fausset-Brown Bible Commentary declara que já se evidencia o Domingo como "sagrado pelos cristãos como o dia da ressurreição do Senhor". É verdade que tal texto do apóstolo Paulo comprova que o Domingo substituiu o Sábado como o verdadeiro dia bíblico do Senhor (Êxodo 20:8-11) na Igreja cristã primitiva?

O Pulpit Commentary por sua vez comenta que "dificilmente se pode dizer que esse versículo implica qualquer observância religiosa do domingo", que deveria se basear em outros textos bíblicos. A obra continua: "'Ponha de parte': A frase grega implica que a separação era feita em casa, mas quando o dinheiro se acumulava, sem dúvida era levado à assembléia e entregue aos presbíteros."

A obra Vincent's Word Studies também explica: "Lit., Entesourando por si mesmo. Colocar em casa."

O The Cambridge Bible For Schools and Colleges, autorizado comentário das Escrituras publicado pela Cambridge University Press dos prelados da Igreja Anglicana, declara, comentando este texto, que "não podemos inferir desta passagem que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana." E prossegue: "'Cada um ponha de lado', isto é, em casa, no lar, não em reuniões como geralmente se supõe. Ele [Paulo] fala aqui de um costume que havia naquele tempo, de se colocar uma pequena caixa ao lado da cama, e dentro dela se depositavam as ofertas, depois de se fazer oração." ('The First Epistle to the Corinthians’, editado por J. J. Lias, pág. 164)

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Antes do fim do quarto século de nossa era, ninguém se lembrou de valer-se deste texto para pretender corroborar a guarda do Domingo. O primeiro a fazê-lo foi Crisóstomo, em sua Homília 43 sobre 1 Coríntios. No entanto, o próprio Crisóstomo admite que a coleta não se fazia na igreja.

Diz Neander, pastor reformado e compositor alemão: "Contudo não podemos de modo algum ver aqui qualquer observância especial do [primeiro] dia."

Johann Peter Lange, teólogo calvinista do século XIX e comentarista muito citado, conclui: "A expressão é, pois, conclusiva contra a opinião prevalecente de que a coleta se fazia na igreja. Era ela um negócio individual e privado." E mais adiante: "'E vá juntando'... Em virtude de todo domingo alguma contribuição ser posta à parte, formaria, sem dúvida uma acumulação."

A Enciclopédia Bíblica de Cheyne e Black, no artigo "Dia do Senhor", comenta esta passagem, chegando à seguinte conclusão: "Não devemos, no entanto, passar por alto o fato de que a dádiva de cada um devia ser separada particularmente (par hauto) isto é, em seu próprio lar, e não em alguma assembleia de adoração."

A coletânea "Do Shabbath para o Dia do Senhor" (p. 191) afirma que: "o texto [de 1 Coríntios 16:2] não oferece apoio algum para a proposição de uma determinada prática ou crença com referência ao domingo, seja da parte de Paulo ou da igreja."

Mas por que o primeiro dia da semana foi especificamente designado para essa separação privada de ofertas? O estudioso Samuelle Bacchiocchi explica que "a menção de Paulo do primeiro dia da semana poderia ser motivada mais por razões práticas do que teológicas. Aguardar até o final da semana ou do mês para separar contribuições ou economias não é seguro, pois nesta ocasião pode-se estar de mãos vazias. Por outro lado, se no primeiro dia da semana, antes de se planejar quaisquer gastos, separa-se o que se planeja dar, os fundos restantes serão distribuídos de modo a satisfazer todas as necessidades básicas." (From Sabbath to Sunday: A Historical Investigation of the Rise of Sunday Observance in Early Christianity, p. 96)

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