Com este capítulo, tenho o propósito de demonstrar, não com o meu limitado poder persuasivo, mas com a própria lógica bíblica, que Jesus, na Sua ascensão, penetrou no Santíssimo celestial, o próprio Céu, e não em lugar que alguns teólogos comprometidos e leigos equivocados chamam de “santo”.

Depois que a Lei foi dada a Israel no Sinai, o Senhor deu estas instruções a Moisés em Êxodo 25:2,8,9:

Fala aos filhos de Israel, que me tragam ofertas; de  todo o homem, cujo coração o mover para isso, dele recebereis a Minha oferta. E Me farão um santuário para que Eu possa habitar no meio deles. Segundo a tudo que Eu te mostrar para modelo do Tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.

E assim foi feito. As instruções foram acabadas prontamente. O tabernáculo era portátil e tinha cerca de 6X18 metros, com um pátio de aproximadamente 30X60 metros. Tinha dois compartimentos.O primeiro denominava-se Santo, e o segundo, Santíssimo.Uma cortina separava um do outro. No lugar Santo havia uma mesa com os pães da proposição, um castiçal de sete lâmpadas e um altar de incenso. No Santíssimo havia uma arca, que media aproximadamente 1 metro de comprimento por 60 centímetros de largura. A caixa tinha uma cobertura denominada propiciatório. Dentro da arca estava, as tábuas com os dez mandamentos. Por certo tempo permaneceram também dentro dela um vaso de ouro contendo o maná e a vara de Arão. Sobre o propiciatório, notava-se a presença de dois querubins de ouro, um de cada lado. No pátio havia uma bacia de cobre batido cheia de água, onde os sacerdotes lavavam as mãos e os pés, antes de entrarem no Tabernáculo. Encontrava-se aí o altar dos holocaustos.

No reinado de Salomão, o Tabernáculo foi substituído por uma construção de pedras, e recebeu o nome de Templo de Salomão. Media cerca de 9X27 metros. Por dentro era forrado de cedro revestido de ouro. Na frente, do lado do nascente, o pátio media 9X5 metros. Contornando as outras paredes, foram construídas três filas de câmaras para alojamento dos que oficiavam no Templo e para depósito de dinheiro e dádivas do povo. O Templo de Salomão foi destruído no sexto século antes de Cristo, durante as invasões de Nabucodonozor. A partir daí, Israel permaneceu, setenta anos no cativeiro, depois do que muitos judeus vieram para a terra natal. Foi quando, sob a direção de Zorobabel, o povo construiu um novo templo, que se chamou Templo de Zorobabel.

Mais tarde, Herodes tomou a deliberação de reconstruir o Templo. Os trabalhos foram iniciados lá pelos anos 20 a.C. e ficaram concluídos somente muitos anos depois. Este foi o templo que os romanos destruíram no ano 70 depois de Cristo.

Como Era Feito O Ritual No Templo 

Feita estas considerações, vejamos, de maneira sucinta, como se processava o ritual do templo. O serviço diário consistia na imolação de dois cordeiros, sendo um no crepúsculo da tarde, e outro pela manhã. O cordeiro era sacrificado no altar do pátio, fora, portanto, do recinto do Templo propriamente dito. O primeiro compartimento, com a mesa e os pães da proposição, o castiçal de sete lâmpadas e o altar de incenso, era símbolo da Terra, e mais particularmente, da cidade de Jerusalém, onde o Cordeiro de Deus seria morto. Perceba que no lugar Santo estavam as peças que diziam respeito aos interesses do pecador, no seu relacionamento com o Criador. O castiçal com as sete lâmpadas, permanentemente acesas, representava a plenitude do Espírito de Deus à disposição do homem. Os pães, eram, símbolo do alimento espiritual. E o incenso significava as orações do pecador arrependido em busca do trono da graça. O lugar Santo, - repetimos -, era símbolo da própria Terra, no caso, representada pela cidade de Jerusalém.

Ao Santíssimo, o acesso era permitido apenas ao sum sacerdote, o que acontecia uma vez por ano, no dia da Expiação. A descrição da cerimônia pode ser encontrada nos capítulos 16 e 23 de levíticos. Era celebrada no décimo dia do mês, que correspondia à segunda quinzena do mês de outubro. Em resumo, consistia na apresentação de dois bodes à entrada do Tabernáculo. Lançando-se sorte, um dos bodes era morto, e o seu sangue aspergido sobre o propiciatório, enquanto que o outro era conduzido ao deserto e aí abandonado à própria sorte.

O sumo – sacerdote, vestido de roupas brancas, era o tipo de Cristo, Aquele que devia purificar o povo de seus pecados.

O dia da Expiação não era como querem alguns, um dia de juízo, e nem os judeus consideravam que fosse. Era, antes, um dia de humilhação nacional, dia de arrependimento e de pedido de perdão. O ato em si não era de juízo, mas de purificação.

O lugar Santíssimo representava o trono de Deus, o próprio Céu. As leis do Concerto, bem como a presença simbólica dos querubins eram, de certo modo, como sombras do verdadeiro governo de Deus.

O Véu, A Raíz Da Questão

Morto Jesus, o véu que separava o Santo do Santíssimo se partiu de cima abaixo, significando isto, não só o fim do cerimonial judaico, como a preparação do novo caminho, para se chegar a Deus pelo VÉU, isto é pelo corpo de Cristo, pelo Seu sacrifício, pela Sua vida. Com a remoção do VÉU, o pecador arrependido foi elevado à categoria de filho pelo sangue de Jesus. É justo o que Paulo diz em Hebreus 10:19 20: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Cristo, pelo novo e vivo caminho que Ele nos consagrou pelo VÉU, isto é, pela Sua carne”.

Comentaristas bíblicos e não bíblicos questionam, inutilmente, se o VÉU (Katapetasma) de Heb. 6:19 , 20; Heb.10:19, 20; Mat. 27:51 ; Mc. 15:38, e Lucas 23:45 era o que dava acesso ao lugar Santo ou o que separava este do Santíssimo.

Naturalmente que os intérpretes adventistas folgam que possa haver divergência neste assunto, pois eles mesmos não gostarão jamais de admitir que Katapetasma dos textos considerados seja o segundo VÉU. Eles sabem, mais do que ninguém que o VÉU que se partiu de cima abaixo foi o segundo. Mas como confessá-lo, se isto significaria lançar por terra toda a estrutura da Igreja, no tocante ao juízo investigativo?

Entre outras coisas, o que significa para o mundo, a morte de Jesus, senão que Ele, agora,se constituem no traço de união entre a Terra e o Céu?  Ora, o primeiro compartimento era símbolo da Terra, e o segundo, do Santuário celestial. Com a morte de Jesus o Céu ligava-se à terra; estava aberto, de maneira abarcante, o caminho para o trono da graça. Logo, o VÉU que se partiu não podia ter sido outro senão o segundo, isto é o que separava o lugar Santo do Santíssimo.

É evidente que a Igreja adventista do sétimo dia tem mil e uma “dificuldades” estratégicas para aceitar esta verdade insofismável. Admiti-la, agora, seria negar o que ela vem ensinando há cerca de 160 anos, isto é, que Cristo, na Sua ascensão, entrou, no Céu, e em lugar que ela denominava de “santo”. Seja como for, a permanência no engano não pode empanar o brilho da verdade de que Cristo, na ascensão, entrou no Santíssimo celestial, aí permanecendo até o dia de hoje.

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no SANTOS DOS SANTOS, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele mesmo consagrou pelo véu, isto é,pela Sua carne.

Tenho diante de meus olhos um artigo intitulado “A Doutrina Adventista do Juízo Investigativo”, do Dr. Mário Veloso, Secretário de campo da Divisão Sul-Americana dos ASD, publicado na revista Ministério Adventista, número março a junho de 1.981. Vejamos o que o autor diz a respeito de Cristo entrando “além do véu”, conforme Heb. 6:9: “Pode ser sugerido que o autor de Hebreus empregou o vocábulo “VÉU” (Katapetasma) em sentido coletivo. Pode estar conferindo a Katapetasma um significado que abranja coletivamente o “VÉU” tanto diante do lugar Santo como do Santos dos Santos”.

É muito difícil poder concordar com o que sugere o autor, pois Paulo não deixa     nenhuma brecha que indique tratar-se dos “VÉUS” coletivamente. O “VÉU” a que o autor de Hebreus faz referência é o que dava acesso ao Santo dos Santos, pois ele mesmo diz em Hebreus 10:19 20:

Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no SANTOS DOS SANTOS, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele mesmo consagrou pelo véu, isto é, pela Sua carne.

Qual era o véu que dava acesso ao Santo dos Santos senão o que separava o Santo do Santíssimo?  Logo, Paulo não pode estar falando do véu que dava acesso ao lugar Santo. Estejamos lembrados de que Jesus, ao expirar na Crus , o véu que se partiu de cima abaixo não poderia deixar de ter sido o que separava os dois compartimentos. Primeiro porque o seu rasgamento seria muito mais marcante para significar o fim do ritual judaico, do que se o fato acontecesse com o véu de entrada do lugar Santo. Em segundo lugar, porque a abertura do véu que dava acesso ao Santíssimo, unia o Santo ao Santo dos Santos. Era como se a Terra se ligasse ao Céu por meio de Cristo. O Céu e a Terra estavam, a partir do Calvário, interligados pelo corpo de Cristo.

Agora. Atente, por favor, para este importantíssimo detalhe. O serviço diário se fazia no pátio e no lugar Santo, constituindo especialmente na imolação do cordeiro do crepúsculo da tarde e do cordeiro da manhã. O sangue desses animais era, em determinados casos, aspergido sobre o véu que separava o Santo do Santíssimo. Todo este ritual era simbólico do verdadeiro sacrifício de Jesus. Nestas condições, com o sacrifício do Filho de Deus, estava terminada a obra ant – típica do lugar Santo. Percebeu?. Ora, se estava concluída a obra do lugar Santo, não tem qualquer sentido dizer que Cristo, ao subir ao Céu, penetrou em um lugar chamado Santo. Não, isto não se coaduna com a verdade. Se aqui na Terra se cumpriria o serviço ant – típico do lugar Santo, é evidente que, na ascensão, Cristo penetrou no Santo dos Santos, isto é, no Santíssimo celestial, o próprio Céu.

A imolação de Jesus foi exato cumprimento do ritual diário, que se processava no pátio e no lugar Santo. Seu sacrifício foi um só, e eterno. Isto se confirma em Heb. 10:12 , onde se lê:  “Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”. E sentar-se “Adestra de Deus” significa estar no Santíssimo celestial, o próprio Céu, para, junto ao Pai, interceder por todos quantos a Ele se achegarem.

Resumindo: na Sua ascensão, Cristo penetrou no Santíssimo celestial, e ai permanece até o dia de hoje, intercedendo pelo pecador arrependido. Todavia, há quem diga que somente em 22 de outubro de 1.844 é que Cristo entrou no Santíssimo celestial.

Vamos, agora, em busca de mais provas para mostrar que Cristo, na Sua ascensão, penetrou no Santíssimo celestial, e não em um lugar que a IASD chama de “santo”, no Céu.

1.844 Uma Data Arbitrária E Sem Nenhuma Prova.
Hebreus 6:19 20

O texto reza:

... a qual tem por âncora da alma, segura e firme, e que penetra além do VÉU, aonde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-Se tornado sumo – sacerdote, para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

Roberto Jamieson, A.R. Fausset e David Brown, no seu comentário exegético e explicativo da bíblia, volume 2  pág. 629, comentam:
“O mundo é a ante—sala, o lugar Santo; o Céu é o lugar Santíssimo; Cristo, o sumo – sacerdote, que nos antecede, possibilita que nós, depois dele e por Ele, entremos dentro do véu”.

Cristo é, pois, o nosso precursor, que saindo do lugar Santo (o mundo) para o Santíssimo (o Céu), abriu Ele mesmo o caminho para nos representar junto ao Pai, assim como o sumo—sacerdote  entrava no Santíssimo do Tabernáculo, uma vez por ano, para fazer intercessão pelo povo.

Observe, a seguir, este ponto importante sob todos os aspectos. O escritor de Hebreus escreveu esta carta antes do ano 70. Pois bem. Ele está dizendo que já àquele tempo Cristo estava além do VÉU, isto é, no Santíssimo. E como dizem os ASD que Ele entrou no Santuário somente em 22 de outubro de 1.844?

Só falta mesmo algum fanático calcular, também, o dia da semana, a hora, o minuto e o segundo em que Cristo penetrou no Santíssimo. Sim, porque quanto ao dia do mês, já se dá como certo que ocorreu em 22 de outubro (veja a Revista Adventista, mês junto de 1.980, pág. 56).

Tudo isto seria muito cômico, se não fosse tão trágico e melancólico. Só um cego não vê que esta história não se apresenta com a justeza que lhe devia ser peculiar. Pense mais um pouco, leitor, e note que o escritor de Hebreus diz que Jesus se tornou não sacerdote, mas sumo – sacerdote. E quem ministrava no Santíssimo, senão o sumo—sacerdote? Assim foi com Cristo, que ao ascender às alturas, chegou ao Santíssimo celestial, colocando-se à destra do Pai.

Mas, para que as coisas fiquem ainda mais claras, admitamos, por instantes, que Cristo tenha penetrado no Santíssimo em 1.844. Neste caso, onde estaria Ele desde Sua ascensão até essa data, cerca de dezoito séculos?  A IASD diz que Ele estava no compartimento Santo. Para confirmação deste fato, leia este trecho que retiro do livro “O Ritual do Santuário” do pastor M.L.Andreasen, professor de exegese Bíblica do Seminário Teológico Adventista, em Washington, 2ª Edição, página 197: “Como os sacerdotes ministravam no primeiro compartimento do tabernáculo, cada dia do ano, até ao grande dia da Expiação, assim também Cristo ministrou no primeiro compartimento do santuário celestial até ao tempo de sua purificação. Esse tempo foi 1.844. Então Cristo passou para a fase final de Seu ministério”.

É pena que o Pastor Andreasen não tenha dito que tipo de serviço Cristo esteve ministrando nesse primeiro “compartimento”. É que nem ele, nem ninguém jamais conseguirá fazê-lo, convincentemente, pelo simples motivo de que a obra ant – típica  do primeiro compartimento do santuário terrestre Jesus a consumou na Sua Morte, uma vez por todas. Não fosse assim, bem que poderíamos dizer: “Pobre Cristo!” Teve que ficar confinado, durante dezoito longos séculos, em um compartimento, fazendo o que, não se sabe, uma vez que Ele já havia cumprido Sua missão, no que diz respeito ao lugar Santo.

O Dr. Mário Veloso, no mesmo artigo, abordando o mesmo tema diz: “Isto significa que durante todo esse tempo (O autor se refere ao período que se estendeu desde a ascensão até 1.844) Cristo esteve oferecendo perante o Pai Seu sangue em favor dos crentes arrependidos. Cristo esteve aplicando Seus méritos a todos os que se arrependessem, com o objetivo de perdoar-lhes os pecados e livrá-los de suas culpas”.

Agora apreciemos o que diz o autor com relação ao período a partir de 1.844: “Assim como no dia da expiação não cessava o sacrifício contínuo, também durante o juízo investigativo, cessa Cristo Sua obra de perdoar pecados. Só que desde 1.844, Cristo acrescentou ao ato de perdoar os pecados e ato de apagá-los dos registros”. Como se nota, segundo o articulista, até 1.844, Cristo intercedeu pelo pecador no primeiro compartimento. A partir de 1.844, Cristo continuou a interceder pelo pecador, no segundo compartimento. Esquematizemos com toda clareza, o pensamento do autor:

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1)    No lugar Santo Cristo intercedeu.
2)    No Santíssimo Cristo intercedeu e apagou o registro dos pecados.

Vê-se aí um contra-senso dos piores. Por que Cristo teria que fazer no lugar que chamam de Santo o que devia ser feito no Santíssimo? Eu pergunto àqueles que defendem esta tese anti-bíblica em que lugar Paulo diz que Cristo penetrou no Céu em um lugar denominado Santo. Por que tanta relutância em aceitar o ensinamento do apóstolo que afirma, reiteradas vezes, que Cristo na Sua ascensão, penetrou no Santíssimo celestial, o próprio Céu, para iniciar Sua obra de intercessão em benefício do pecador arrependido? Por que não aceitar a evidência de que Jesus, na Sua morte, cumpriu, de uma vez por todas, a obra anti-típica do lugar Santo? Desejar atribuir-Lhe qualquer missão nesse lugar, no Céu, é impor-Lhe novo sacrifício.

Vejamos, a seguir, outra evidência de que Cristo, na Sua ascensão, não entrou em um compartimento Santo, mas no Santíssimo celestial, o próprio Céu.

 

Cristo Entrou no Céu

Hebreus. 9:24

Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, porém no mesmo Céu, para comparecer AGORA, por nós, diante de Deus.

O sumo – sacerdote, ao entrar no Santo dos Santos, o que fazia uma vez por ano, era como se estivesse na presença de Deus, que se manifestava através do SHECHINAH. Pois bem. Paulo, neste texto, está dizendo que AGORA (referindo-se à época em que a carta foi escrita, a saber, antes do ano 70), Cristo já estava na presença de Deus, intercedendo pelo pecador. E se o sumo – sacerdote, ao entrar no Santíssimo do tabernáculo, estava na presença de Deus pela nuvem de fumaça que se fazia presente, assim também Cristo, para chegar à presença de Deus, entrou no Santíssimo celestial, o próprio Céu, como disse o Apóstolo. Maior clareza do que esta não é possível. Contudo, vamos ao estudo de outro texto.

Cristo O Sumo Sacerdote

Hebreus 9:11 12

Quando, porém, veio Cristo como sumo – sacerdote dos bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, quer dizer, não desta criação, não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo Seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção

Aonde penetrou Cristo? Em algum lugar denominado “santo”? Você não encontrará, em toda a Escritura, uma só passagem que o diga. Em vez disso, Paulo diz que Ele entrou no Santo dos Santos, que é o Santíssimo. E mais. Paulo não fala da entrada de Cristo no Santo dos Santos, como sendo um acontecimento a se situar no futuro. Muito pelo contrário. No momento em que escrevia aos Hebreus, o que deve ter acontecido antes do ano 70, Cristo já estava no Santíssimo celestial, segundo ele.

Agora, leitor, resta-lhe, tomar a decisão. Ou você acreditará na doutrina de homens que não podem retroceder (e não podem porque não querem), ou depositará sua confiança na Palavra Eterna. Seja qual for sua escolha, a verdade continuará imutável. Sem dúvida alguma, Cristo não entrou no Santíssimo somente em 1.844, mas muito antes. Este acontecimento se deu na Sua ascensão.

O pastor Ballenger e outros foram taxados de apóstatas, como apóstata será chamado todo aquele que ousar discordar dos conceitos tradicionais, que, por não serem muitos deles verdadeiros, já há muito deviam ter sido reformados. Mas a IASD não quer mudar. Não pode mudar. Ou não lhe convém mudar. Ela prefere perder os dedos amanhã a se desfazer dos anéis hoje.

Algumas pessoas, muito engenhosas, juntam versículos com versículos, numa enfadonha e complicada alquimia, e chegam à conclusão engraçada de que na expressão “e o santuário será purificado”, de Daniel 8:14 , a palavra “purificado” não significa o que ela realmente quer dizer, mas sim “juízo”. Em seguida, fazem uma conexão de tudo isso com Apoc. 14:6, 7 e logo deduzem: “O juízo investigativo começou em 1.844”. Eu mesmo já procedi desta forma, no passado, e o fazia com extrema habilidade. Mas hoje vejo, com clareza inconfundível, que tudo não passava de simples conta de chegar.

Agora, diante de toda essa conjuntura, é oportuno perguntar:

- Como fica a profecia das 2300 tardes e manhãs, que, no entender dos ASD esbarrou em 1844?

Paulo, cuja palavra é digna de toda fé, diz que Cristo penetrou no Santíssimo celestial, o próprio Céu, após Sua ressurreição, e não em 1.844, dezoito séculos depois. E lá continua Ele, na Sua obra de intercessão pelo pecador arrependido, até o dia de hoje.

Em prosseguimento, é a vez de comentarmos:

Jesus Entrou No Santo Dos Santos Logo Após Sua Ressurreição

Hebreus 9:6 7

Embora seja usada, genéricamente, a palavra “tabernáculo” para designar a construção de madeira, em forma de paralelogramo retângulo, os judeus chamavam ao lugar Santo, de “primeiro Tabernáculo”, enquanto que o Santo dos Santos ou Santíssimo era denominado “segundo tabernáculo”. Observe como Paulo se expressa em Hebreus 9:6 7:

Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram no PRIMEIRO TABERNÁCULO os sacerdotes, para realizar os serviços sagrados; mas no SEGUNDO, o sumo-sacerdote , ele sozinho, uma vez por ano, não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados da ignorância do povo.

A seguir, vamos ler juntos, Hebreus 8:1 2:

Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo – sacerdote, que Se assentou à destra do trono da Majestade nos Céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem.

Como facilmente se constata na Sua ascensão, e não em 1.844. Cristo entrou no verdadeiro tabernáculo, isto é, no próprio Santíssimo celestial, do qual o segundo tabernáculo era símbolo, para iniciar Sua obra de intercessão. Seja dito, de passagem, que Estevão, antes de ser apedrejado, viu Cristo {a direita do Pai, no Céu. E é certo que, àquele tempo, no ano 34, já estava Ele desempenhando Suas funções como nosso advogado. Não tem, pois, qualquer base escriturística dizer que somente em 1.844 Cristo, penetrou no Santíssimo celestial. Paulo é claro demais, quando diz que Cristo, como nosso precursor, penetrou além do VÉU, isto é, no Santo dos Santos (Hebreus 6:1920). E quando? Na Sua ressurreição, ao Se apresentar ao Pai. Isto é o que diz o Apostolo. E eu creio que não vale a pena discutir com ele. Só levaríamos desvantagem.

Finalmente, vamos à conclusão derradeira.

O Santíssimo é o Próprio Céu

Hebreus 10:1920

Eis um detalhe importantíssimo que não podemos deixar de por em evidência. O Santíssimo é o próprio Céu. Já o dissemos linhas atrás. Não obstante, não seria demasiado citar mais um texto comprobatório. É o que se encontra em Hebreus 10:19 20:

Tendo, pois irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que Ele consagrou pelo Véu, isto é, pela Sua carne.

Pelo exposto, para onde irão os salvos, segundo Paulo? Para o Santo dos Santos. Em outra palavras, quando Cristo vier, para que lugar Ele os levará? Para o Céu. É o que está escrito o que é o Santo dos Santos ou o Santíssimo, senão o próprio Céu? É preciso mais alguma prova? Cristo não prometeu, no Céu, em nenhum compartimento chamado “santo” nele permanecendo até 1.844. Admiti-lo seria uma infantilidade sem limites. Desde Sua ascensão até hoje, Cristo está no Santíssimo, que é o próprio Céu, à destra do Pai, intercedendo, continuamente, pelo pecador arrependido.

Resumo 

1)    – O Tabernáculo foi construído segundo modelo apresentado a Moisés, no Monte, e não segundo modelo visto do Céu.
2)    – O lugar Santo era separado do Santo dos Santos ou Santíssimo por uma cortina chamada VÉU.
3)    – O ritual no pátio e no lugar Santo era diário, enquanto que o do Santíssimo era feito uma vez por ano, no dia da Expiação.
4)    – O Dia da Expiação não era um dia de juízo, mas dia de humilhação, dia de arrependimento e pedido de perdão, para purificação do pecador.
5)    – O ritual em tipo, diário, no pátio e no lugar Santo, era simbólico do verdadeiro sacrifício de Jesus, e se cumpriu, uma vez por todas, em Sua morte. Por esta razão, Paulo não fala dele como sendo entrado em um lugar chamado “santo”, no Céu, mas sim no Santo dos Santos. Sua obra INTERCESSÓRIA  deveria começar, como começou, ao ser recebido no Céu. Assim foi, e continua sendo até ao dia de hoje.
6)    – Não há, em toda a Escritura uma só passagem que fale da entrada de Cristo em lugar chamado “santo”, no Céu. Este fato ocorreu aqui na terra, quando de Sua imolação.
7)    – O Santíssimo celestial é o próprio Céu.
8)    – Paulo escreveu sua carta aos Hebreus antes do ano 70. Nessa ocasião, segundo ele, Cristo já estava no Santíssimo celestial. Portanto, não tem o menor fundamento o pensamento de que isto tenha ocorrido somente em 1.844, dezoito séculos depois da Ressurreição.

Conclusão Final

Os Adventistas do Sétimo Dia dizem que somente em 1.844, Cristo penetrou no Santíssimo celestial, para continuar Sua obra de mediação em benefício do pecador arrependido. Isto não é verdade. Quando Jesus foi morto, cumpria-se, uma vez por todas a obra ant – típica do lugar Santo do Santuário. Na Sua ascensão, Cristo penetrou no Santíssimo celestial, que é o próprio Céu, ocasião em que começou Sua missão intercessória. À luz da palavra de Deus, podemos afirmar que o Dia da expiação ant – típico teve seu início, não em 1.844, mas no ano 31. 

 

Uma Pergunta Só Para Pessoas Sinceras

O serviço do Tabernáculo, resumidamente, importava no ritual do pátio e do lugar Santo, com a imolação de dois cordeiros, sendo um pela manhã e outro no crepúsculo da tarde. Este era o serviço em tipo. Quando Jesus, o Cordeiro de Deus, expirou na cruz, cumpria-se, uma vez por todas o serviço ant – típico do lugar Santo. Havia terminado, para sempre, o ritual diário (o típico e o ant – típico, o simbólico e o verdadeiro).

Uma vez por ano, no Dia da Expiação, efetuava-se o ritual do Santíssimo, ocasião em que o sumo – sacerdote entrava em contato com Deus, que se manifestava através do SHECHINAH. Com a chegada de Jesus ao Céu, iniciava-se a obra ant – típica do segundo compartimento.

Agora vem a pergunta:
O que estava fazendo Cristo, no Céu, em um lugar que os ASD denominam “santo”, desde Sua ascensão até 1844?
Por favor, não me diga que Ele estava realizando o serviço ant – típico do lugar Santo do Tabernáculo. Esta obra Ele consumou na Sua morte.
Então:

O que esteve fazendo Cristo no Céu, em um lugar que a IASD chama de “santo”, desde Sua ascensão até 1.844?

Esta matéria foi extraída parcialmente do livro O ADVENTÍSMO de Ubaldo Torres Araújo primeira edição 1.981 páginas 21-31


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