Texto de Estudo

E a todo o homem, a quem Deus deu riquezas e bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.   Eclesiastes 5:19

INTRODUÇÃO

            O tema da lição de hoje não é algo muito atrativo para alguns. Infelizmente, algumas pessoas acreditam que o dinheiro é uma maldição, quando, na verdade, a Bíblia diz que o amor a ele é que traz desgraça a vida das pessoas (1 Timóteo 6:10). As riquezas adquiridas aqui neste mundo são fruto do nosso trabalho e Deus quer nos abençoar por meio delas, desde que desfrutemos das mesmas com legitimidade e sabedoria.

            Saber administrar de forma correta os recursos financeiros que chegam até nossas mãos é vital para que haja harmonia e paz dentro dos lares. A má administração do dinheiro afeta todas as áreas do ambiente familiar. Muitos casamentos vão a ruína por falta de sabedoria em administrar as finanças.

Como diz o velho ditado: “ninguém vive só de amor”, por isso é importante tratar das finanças dentro do ambiente familiar. Adentremos, então, neste assunto a aprendamos o que a Palavra nos instruiu a respeito disto.

           

REGRA BÁSICA: NÃO GASTE MAIS DO QUE GANHA

            O equilíbrio financeiro proporciona bem estar na família. Uma das muitas causas dos conflitos no lar é o desequilíbrio financeiro. Preocupar-se com a estabilidade financeira é uma das formas de investimento na saúde relacional da família.Mas o que é o desequilíbrio financeiro? A resposta é fácil: é quando o valor da saída dos recursos financeiros é maior que o valor da entrada.

            Embora a regra “gastar menos do que se ganha” seja simples e tão conhecida, na prática parece não ser tão fácil aplicá-la. Mas afinal, o que faz com que as pessoas (incluindo os cristãos) tenham dificuldade em cumprir um requisito tão básico, mas fundamental para o equilíbrio financeiro?

            Podemos listar alguns erros que as pessoas cometem e acabam gastando mais do que ganham:

A)   Consumismo. Todas as pessoas precisam consumir a fim de satisfazer suas necessidades básicas de sobrevivência. O consumo é algo natural e saudável, quando praticado de forma correta. Entretanto, o que vemos ultimamente é uma sociedade altamente consumista e infelizmente os cristãos estão inclusos nisso. Segundo o dicionário consumismo significa: Paixão por comprar; tendência a comprar sem freio; excesso de consumo.  O consumismo geralmente faz-nos adquirir coisas que não precisamos. Os primeiros vestígios de consumismo se dão no princípio da criação, no Éden, quando Eva foi levada a consumir algo que ela não precisava. (Gênesis 3:6). Sobre o consumismo Jesus afirmou que “a vida de um homem não consiste na abundância de bens que ele tem”. (Lucas 12:15b). Nós somos influenciados diariamente a consumir o que não precisamos, sendo bombardeados de todos os lados e por isso é necessário estar atento a esse mal.

B)   Falta de planejamento. Cabe a este tópico o texto de Provérbios 21:5 que diz:“Quem planeja com cuidado tem fartura, mas o apressado acaba passando necessidade”(NTLH). Geralmente as pessoas gastam mais do que ganham porque não planejam com antecedência os seus gastos e investimentos. Muitas famílias tem ido à ruína por falta de planejamento. Medidas de emergência na vida financeira devem ser casuais e não rotineiras.

C)   Falta de decisão em conjunto. Este problema está relacionado ao tópico anterior. A falta de planejamento faz com que a família não tome decisões em conjunto. Uma fonte de grande irritação no lar é quando alguém faz uma compra elevada sem consultar o outro. Na hora de somar as despesas o volume de débitos acaba sendo maior que o saldo dos rendimentos.

D)   Gastar dinheiro antes de ganhá-lo. Esse problema faz-nos lembrar do cartão de crédito e do cheque especial, linhas de crédito que são justamente as que mais deviam ser evitadas pelos consumidores. No entanto, são em geral as primeiras a serem acionadas em caso de problemas para pagar as contas. Por fim as pessoas acabam gastando um dinheiro que ainda não ganharam. Pessoas compulsivas e consumistas devem evitar os cartões de crédito.  

 

PREPARANDO-SE PARA TEMPOS DIFÍCEIS

            Diz um velho provérbio: “gastar é fácil, ganhar é que é difícil”. Todavia não podemos pensar apenas na questão Ganhar x Gastar, é preciso saber investir. Faz parte da administração familiar o dever de investir parte dos rendimentos. Mas por que precisamos nos preocupar com os investimentos?

Por que não sabemos o dia de amanhã. Justamente por não sabermos como será o futuro precisamos nos precaver, pois poderemos enfrentar dias difíceis. Um bom exemplo que temos na Bíblia é o texto que fala da terrível fome que veio nos dias do patriarca Jacó, ele disse o seguinte aos seus filhos: “Tenho ouvido que há cereais no Egito; descei até lá e comprai-nos deles, para que vivamos e não morramos” (Gênesis 42:2). Não estava no controle de Jacó a situação da fome que atingiu a aquela região, mas ele tinha recursos para superar a crise. A necessidade de separar e investir parte das nossas finanças pode ser uma questão de sobrevivência.  Situações como doenças, falecimentos, catástrofes, crises econômicas não estão no nosso controle, por isso precisamos nos precaver.

Por que podemos prever o dia de amanhã e nos prepararmos para ele. Não é só porque não sabemos se estaremos vivos no dia de amanhã que não precisamos nos preparar para ele. Algumas situações são previsíveis e algumas delas se repetem em nossa vida, são cíclicas. O livro de Provérbios traz um excelente ensino sobre isso ao expor o comportamento das formigas, que no estio e na sega enceleiram o alimento para os dias de inverno (Provérbios 6:6-8). Algumas condições são rotineiras na nossa vida (IPTU, IPVA, Imposto de renda, Matrícula escolar, etc) e muitas vezes são os fundos de investimento que nos ajudam a passar por elas sem que haja o desiquilíbrio financeiro. Salomão também trata a questão do investimento no livro de Eclesiastes quando de maneira simbólica afirmou: “Lança o teu pão sore as águas, porque depois de muitos dias o acharás”.(Eclesiastes 12:1). Um bom exemplo de investimento para o futuro é fazer uma poupança para os filhos, desde que eles são pequenos para que no futuro os mesmos possam ter condições de poder pagar uma boa faculdade. 

 

ALGUMAS DICAS IMPORTANTES

            Cabe ao nosso estudo algumas dicas importantes que ajudarão no planejamento e na administração das finanças no seio familiar. Os resultados, contudo, são eficazes desde que apliquemos com fidelidade cada orientação, e acima de tudo, pela direção e sabedoria do Espirito Santo. Vejamos algumas delas:

            Estabeleça um plano de economia e investimento. Economizar também é importante no que se refere a administração financeira familiar. Economia gera investimento. Alguns passos são fundamentais para que se consiga obter êxito neste processo:

a)    O que comprar? Toda pessoa que administra bem o que ganha, nunca sai para fazer compras sem saber o que vai comprar. É bom que se crie o hábito de marcar no papel o que se vai comprar. Quando saímos para fazer compras, sem saber o que vamos comprar, corremos o risco de comprar muitas coisas desnecessárias, e nos esquecer do essencial. Algumas vezes gastamos o nosso dinheiro em coisas erradas ou dispensáveis. (Isaías 55:2)

b)   Comprar a quantidade certa? O contrário de economizar é esbanjar. Sejam produtos perecíveis ou não, é necessário consumir com sensatez. Jesus dá uma bela lição a respeito do desperdício, quando manda seus discípulos recolher os pães que sobraram na multiplicação de pães e peixes: “E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: recolhei os pedaços que que sobraram, para que nada se perca” (João 6:12)

c)    Quando comprar? O primeiro passo antes de comprar algo é verificar se a situação financeira atual da família é propícia à aquisição. É bom estabelecer prioridades. Saber esperar o momento certo também propiciará a oportunidade de comprar um mesmo produto por um valor mais baixo. Comprar em dias promocionais gera, em média, uma economia de até 30%.

Certamente toda economia deve ser usada com sabedoria. A melhor forma de emprega-la é em fundos de investimento.

            Somando os rendimentos e dividindo as despesas. Infelizmente ainda existem lares em que há divisão referente a administração do dinheiro, ou seja, a esposa tem o seu dinheiro e o marido tem o dele. Isso dificulta a administração financeira do lar. O fator “uma só carne” se aplica a vida financeira, “um só salário”.  O livro de Eclesiastes faz uma alusão a isso quando diz: “É melhor serem dois do que um, porquê tem melhor paga do seu trabalho” (4:9) Não só os rendimentos devem ser somados e integrados, mas as despesas também. Todos da família investem, desfrutam do gozo do trabalho e se doam para quitação das despesas. É importante que os pais ensinem também que os filhos se incluam neste propósito, afinal há muitos filhos que trabalham fora, desfrutam dos confortos do lar, mas não se preocupam em ajudar os pais a manterem as contas em dia.

            Não viva de aparências. Manter os pés no chão é algo vital. O cristão não pode se dar ao luxo de acompanhar os modismos que o mundo impõe. Alimentar o orgulho e a soberba custa caro e pode levar qualquer família a ruína, como nos ensina a Bíblia: “O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça” (Provérbios 16:18 NTLH).

            Faça um controle periódico das finanças. É muito comum, no ambiente familiar, chegar o fim de cada mês e o casal não saber onde gastou ou investiu seu dinheiro. Às vezes isso se torna até motivo de discussão. Algumas frases típicas se apresentam: “O que você fez com o dinheiro que eu lhe dei ontem?” “Você já gastou tudo o que eu depositei na nossa conta?” “Aonde é que vai o nosso dinheiro, se a gente não faz nada extra?” “Você não viu que a conta estava estourada? Tudo isso pode ser evitado se o casal fizer uma planilha de controle financeiro. Não é algo muito difícil de fazer, abaixo temos um modelo simples que pode ser adaptado a realidade de cada família.

           

            ENTRADAS

SAÍDAS

 

 

DESCRIÇÃO

VALOR

DESCRIÇÃO

VALOR

 

 

 

 

Salário do marido

 

Dízimos e ofertas

 

Salário da esposa

 

Alimentação

 

Rendimentos extras

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Vestuário

 

 

 

Luz, água, telefone, condomínio, habitação, internet, comunicação.

 

 

 

Educação

 

 

 

Dívidas parceladas

 

 

 

Impostos

 

 

 

Transporte

 

 

 

Lazer e entretenimento

 

 

 

 

 

TOTAL:

TOTAL:

 

SALDO MENSAL:

           

            Josué Gonçalves sugere a seguinte proporção percentual de aplicação dos rendimentos para obter-se uma boa administração financeira.

            - 10%....do Senhor.

- 10 % ..... Economias.

- 25 % .... Casa(Aluguel, Educação, mobília, reformas, etc)

- 30% ..... Alimentação,

- 15 % .....Impostos.

- 5 % .... Transporte.

- 5 % ..... Eventualidades (seguro, limpeza, etc.)

 

DAI A CESAR O QUE É DE CESAR E A DEUS O QUE É DE DEUS

            Embora existam vários métodos e diversos planos de administração familiar o melhor deles é aquele que tem como prioridade o Reino de Deus. A Bíblia afirma que Deus é quem faz prosperar o trabalho das nossas mãos (Deuteronômio 30:9) Dentro do plano de controle financeiro do Cristão, seja qual for o método que ele for adotar, as primícias sempre devem ser direcionadas ao Reino de Deus. Além do percentual do dízimo é dever do crente separar uma parte para ofertar na casa de Deus. Seria muito bom se toda família pudesse também destinar parte dos seus rendimentos para investir em missões.

            Quando negligenciamos aquilo que é do Senhor podemos incorrer no mesmo erro que o povo de Israel cometeu nos dias do profeta Ageu. Deus disse o seguinte através do profeta: “Tendes semeado muito e recolhido pouco; comeis , mas não chega para fartar-vos; bebeis, mas não dá para saciar-vos; vesti-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para pô-lo num saquitel furado” (Ageu 1:6) Toda riqueza sem a bênção de Deus torna-se frustração, mesmo que utilizemos o melhor método administrativo.

            Jesus disse: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Marcos 12:17). Uma família bem sucedida não é aquela que possui muita riqueza, mas é aquela que honra ao Senhor com aquilo que tem. Lembremos da viúva que não ofertou ao Senhor aquilo que lhe sobrava, mas da sua pobreza suscitou uma oferta voluntária a Deus (Lucas 21:1-4).

CONCLUSÃO

             A boa administração das finanças dentro do seio familiar é crucial para a harmonia e felicidade do lar. Ganhar o dinheiro de uma forma honesta deve ser a primeira preocupação do cristão. Em seguida é necessário saber lidar sabiamente com os recursos, pois vivemos numa cultura altamente consumista, que valoriza mais o ter do que o ser. Precisamos gastar menos, economizar mais e investir sempre, sem negligenciar a parte que é devida ao Senhor. Honestidade e cumplicidade entre o casal são essenciais para obtenção de bons resultados do planejamento financeiro. E acima de tudo, não podemos esquecer que o dinheiro está para nos servir e não para ser nosso senhor.


 

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