Texto de Estudo

Colossenses 3:14:

14 E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição.

 

INTRODUÇÃO

O casamento sempre foi alvo de chacotas e desvalorizações por diversos pensadores, intelectuais, feministas, ateus e agnósticos. Eis alguns exemplos: Voltaire, filósofo francês, afirmou: “O divórcio é provavelmente tão antigo quanto o casamento. Eu creio, entretanto, que o casamento é apenas umas poucas semanas mais antigo.”; Helen Rowland, jornalista feminista estadunidense, propagou: “Quando duas pessoas resolvem se divorciar, não é sinal de que estão se desentendendo, mas sim de que estão começando, finalmente, a compreender um ao outro”. 

Nessas visões, percebe-se que o casamento é concebido como uma solenidade triste, melancólica e não prazerosa. A Rainha Vitória da Inglaterra (1819-1901), em carta à sua filha, declarou: “O casamento é uma loteria, nos fins das contas, e, para a mulher, uma felicidade muito duvidosa”.

Tais falas têm origem em questões pessoais, nas desilusões ou em ideologias anticristãs. Todas questionam o casamento fútil, entediante e descartável. No entanto, de acordo com as Escrituras, sabemos que casar é uma bênção divina à vida dos seres humanos. Se as pessoas estiverem realmente fundadas na Palavra de Deus, os matrimônios serão duradouros, estáveis e felizes. O desejo de Deus é que o casamento seja um retrato de SEU AMOR para com a humanidade. Isso nos leva a questionar com que clareza e nitidez nossos casamentos estão mostrando a imagem de Jesus. Dessa forma, falaremos sobre a prática do amor no casamento. Onde estão os fundamentos do amor matrimonial? Quais influencias cultural, social e midiática determinam os rumos catastróficos aos casamentos?

 

CASAMENTO: MODELO DE CRISTO E A IGREJA

Na lição anterior, vimos que o casamento é um pacto que envolve deixar mãe e pai, unir-se à esposa e tornar-se uma só carne com ela. É uma representação da aliança entre Cristo e sua Igreja. Para Piper, essa perspectiva elimina algumas visões contemporâneas sobre o matrimônio, por três razões: 1) O modelo eleva o casamento acima das irônicas imagens dos programas humorísticos e das piadas sobre o tema e dá-lhes o significado grandioso que Deus pretendia dar; 2) Confere ao casamento uma sólida base na graça uma vez que Cristo obteve e sustente sua noiva somente pela graça; 3) Mostra que a liderança do marido e a submissão da esposa são cruciais e crucificados .

CASAMENTO FUNDAMENTADO NA GRAÇA DE CRISTO

A Nova Aliança de Cristo com a Igreja é sustentada pela graça comprada com sangue. Da mesma forma, os casamentos humanos visam manifestar essa nova aliança. Marido e esposa descansam nessa espetacular verdade, aplicando a vivência vertical com Deus; e na vivência horizontal, com seu cônjuge. Isto é, no casamento, o casal vive cada hora na alegre dependência do perdão e da justificação da graça divina. Espera-se que a união cristã seja permeada pelo perdão, da mesma forma que experimentamos o perdão vindo do alto. 

Em Colossenses 2:13-14, Paulo afirmou: “a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente a ele (Cristo), perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-os inteiramente, encravando-os na cruz” (grifo nosso) 

A dívida tanto do marido quanto da esposa foi cravada naquela cruz, mas Jesus substituiu-nos. Deus condenou os nossos pecados na carne de Cristo. Isso é essencial para que maridos e esposas entendam o perdão divino a fim de que se cumpra aquilo para o qual o casamento foi planejado.  

Essa justificação explanada por Paulo, em Romanos, vai além do perdão. Não somos apenas perdoados por causa de Cristo; Deus também nos declara justos por causa de Jesus. O amor imensurável de Deus por nós fez com que oferecesse seu filho para cumprir duas exigências: Cristo sofreu nossa punição e também produziu nossa justiça.

Você pode estar se perguntando: o que esse entendimento teológico tem a ver com meu casamento? Simples! Assim como o Senhor perdoou-nos, assim também perdoai o vosso cônjuge. Assim como o Senhor “suporta“ vocês, do mesmo modo os dois devem suportar seu cônjuge. A medida da graça de Deus para com você na cruz de Cristo deve ser a medida de sua graça para com seu cônjuge. 

Concluindo, devemos enxergar no casamento duas pessoas que se humilham e que procuram mudar, de maneira piedosa, para agradar a seu cônjuge, atendendo suas necessidades físicas e emocionais para contentá-lo de modo legítimo. O relacionamento de Cristo com sua Igreja contempla esses elementos. 

Dietrich Bonhoeffer afimou que Deus dá Cristo a nós como fundamento do casamento. “Acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo acolheu-nos para a glória de Deus” (Romanos 15:7). Não reivindiquem seus direitos, não acusem, não julguem, não condenem, nem procurem defeitos um no outro; antes, aceitem-se como são e perdoem um ao outro do fundo do coração, diariamente .

Portanto, maridos e esposas devem se conscientizar de que Deus perdoou todos os delitos, cancelando o escrito de dívida que havia contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removendo-o inteiramente e cravando-o na cruz (Colossenses 2:13-14, NVI). Se você crê nisso de todo o coração, APLIQUE COM SEU CÔNJUGE.

 

REVESTI-VOS, POIS...

Aos Colossenses, a partir do verso 12, do capítulo 3, Paulo enumerou algumas características do novo homem: afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade, suportando uns aos outros, perdoai-vos mutuamente. O motor que propulsiona e direciona o ser humano crente em Cristo é o Amor de Deus, vínculo da perfeição.

Normalmente, tentamos aplicar os conselhos de Paulo àqueles que não pertencem à nossa família. Somos cordiais e pacientes com pessoas com as quais não temos intimidade. Entretanto, com cônjuge e filhos, esquecemos que ser um novo homem estende-se a todas os momentos e áreas de nossas vidas. Se os relacionamentos matrimonial e familiar estão pautados em conflitos constantes, pouca paciência, ausência de perdão e poucos atributos do Cristianismo, é sinal de que precisam de um profundo entendimento e temor da ira de Deus. Sem isso, o Evangelho é reduzido a meras relações humanas e perde a sua glória bíblica. Sem uma cuidadosa visão bíblica da ira divina, você será tentado a pensar que a raiva de sua esposa é grande demais para ser superada, já que nunca sentiu realmente como seria ver a ira infinitamente maior e superada contra você, mediante a graça de Deus.

 

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HOJE EM DIA, CASAMENTO É UM ROMANCE DE HOLLYWOOD?

Os filmes estadunidenses difundiram um estereótipo de romantismo que não é aquele que encontramos nas Escrituras. Cria-se uma expectativa no casal de imitar a vida romântica e apaixonada de pares de filmes famosos, a ponto de não se enxergar um outro modo de vida em casal. Isso é fonte de discórdias, conflitos, dissenções, decepções. A vida de casado não deve ser como uma caricatura cinematográfica, mas pode ser romântica e prazerosa, conforme o ensino das Palavra de Deus.

Cuidado com o termo apaixonado 

A palavra apaixonado refere-se, em nossa cultura, a um sentimento impetuoso e intenso para o bem e para o mal. Ele é confundido, frequentemente, com amor. No entanto, paixão e amor pertencem a categorias diferentes.

O amor descrito nas Escrituras refere-se a um conjunto de manifestações externas de apreço e afeição que tem lugar no campo prático. Nesse sentido, casamento, como pudemos ver ao longo da lição, não tem a ver, primeiramente, com permanecer apaixonado, mas permanecer fiel à aliança com Deus e com o cônjuge. O casamento não é firmado no amor, mas no compromisso da aliança, que fornece o terreno no qual florescerá.

O casamento encantado

Será que existe um “príncipe encantado” ou a “mulher perfeita”? A perfeição, nos moldes culturais, não existe; não há um produto pronto para se casar. As expectativas falsas provenientes da visão televisiva acerca do companheiro podem trazer consequências desastrosas ao matrimônio. 

A busca pela perfeição é parte integrante de nosso ser. Dessa forma, acreditamos que somos perfeitos e, por consequência, queremos que a outra pessoa seja perfeita também. Por causa do pecado, amamos a nós mesmos de forma distorcida e traçamos uma vida maravilhosa, sem conflitos ou problemas. Ao mesmo tempo, orientados pelo pecado, podemos nos fazer sentir uma poderosa atração por outrem, mas essa atração não pode ser confundida com amor. A atração pelo outro não deve fazer o que o amor faz pelo casal. O amor é sofredor, é benigno; ele não é invejoso, não trata com leviandade, nem se ensoberbece. A atração é momentânea e tende a morrer. 

A Palavra de Deus convida o casal a abastecer o casamento com um combustível eterno: o cônjuge deve sair de seu reino pessoal, dos sonhos irreais e das visões de Hollywood para desfrutar da alegria e beleza do amor que vem do reino de Deus, como Jesus exortou: “Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6:33 NVI). 

O casamento não precisa morrer com nossos sonhos de encantamento. Nossos sonhos egoístas devem morrer para que o amor perseverante de Deus possa nascer. A vida não se parece com aquilo que planejamos para nós; mas, sob a graça e as orientações divinas, será o que Deus planejou que seria. Assim, será possível experimentar o amor e a alegria da vida a dois, sob a bênção de nosso Pai Celeste.

Neste ponto da lição, propõem-se algumas reflexões. Se você já está casado, considere honestamente se seu casamento dá sinais de negligência. Se está solteiro, pense no modo como se prepara para o casamento: alimentando sonhos românticos ou acumulando habilidades bíblicas úteis a um futuro próximo? Qual é o papel que deve dar à presença de Jesus na dinâmica regular do seu lar?

 

O DESAFIO DE AMAR

O amor é desafiador, pois temos de aprender a amar alguém em constante mudança, enquanto nós mesmos estamos mudando. O problema é que não gostamos de dificuldades; elas mexem em nosso conforto e causam incômodo. Nesse desafio da vida, temos de considerar o seguinte:

        As diferenças. Precisamos compreender que existem diferenças significativas entre homens e mulheres, muito além da anatomia. Necessitamos, à luz das escrituras, ter entendimento sobre os papéis e as responsabilidades que Deus atribuiu a cada um. 

         As mudanças. O amor acompanhará as mudanças operadas por Deus, que ocorrem com o tempo. Mudanças são necessárias, pois há coisas que precisam ser arrancadas e destruídas. Para que as mudanças sejam reais, existem coisas novas que precisam ser plantadas e construídas no lugar do que foi retirado.

       Pequenos detalhes de cada dia. O casal deve entender que o relacionamento não pode ser construído no modelo de outros casais ou de filmes ou novelas. Cada casal tem suas especificidades. O desafio é encontrar caminhos comuns a ambos para que estes edifiquem o matrimônio.

Os pequenos gestos diários de amor moldam o casamento. Cada cônjuge deve colocar um bloco em cima do outro, com gestos de cuidado, carinho e delicadezas. Deve-se prestar atenção aos detalhes diários. Isso é difícil, pois exige disciplina e esforço. Infelizmente, queremos que coisas boas venham sem esforço ou trabalho; mas, para desfrutar de um bom casamento, precisamos demonstrar o nosso amor ao cônjuge e nos dedicar a ele, todos os dias.

Em todo o casamento, há momentos em que o relacionamento do casal distancia-se. Não é sensato atribuir a decadência da relação apenas à rotina extenuante. Se isso está acontecendo, é sinal de que os dois estão falhando, sendo orgulhosos, egoístas, preguiçosos ou ignorantes. O inimigo está interessadíssimo em ver matrimônios sendo fracassados. Nesse contexto, o cristão tem o compromisso de lutar para manter fortalecido o casamento a fim de honrar a Deus. Por isso, a união não pode ser fundamentada em romance ou paixão, mas na adoração ao Senhor. O cristão é um adorador, e isso deve moldá-lo em tudo que pensa, deseja, escolhe, faz ou diz. Tudo procede de Deus. 

CONCLUSÃO

Preparar-se para o casamento envolve mais do que organizar a cerimônia, a festa ou a lista de presentes e convidados. Uma preparação realista inclui tanto a atenção em relação a quem será a pessoa com quem se casará, quanto a preparação para ser um cônjuge piedoso. Não se esqueça de que a vida não é um filme de Hollywood. 

O posicionamento defendido aqui mostra a necessidade de encarar o matrimônio como criação exclusiva de Deus, fundamentada na graça de Cristo.

 

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