The Red Tent” (A Tenda Vermelha) não é uma programação que você deveria passar para o seu grupo de estudos bíblicos. E não apenas por causa de cenas sexualmente sugestivas, mas porque a série literalmente reescreve a narrativa bíblica sobre Diná.

Lançada como livro por Anita Diamant em 1997, a história foi adaptada pelo canal de televisão Lifetime em uma minissérie de dois episódios, em 2014. Agora, dependendo do seu contato com a Bíblia, talvez você esteja se perguntando quem é mesmo Diná. Filha do patriarca Jacó e de Leia, sua história é contada em Gênesis 34 e envolve estupro e assassinato em massa (não se espante, a Bíblia não tem nada a esconder quando fala sobre a depravação moral do ser humano; é por isso mesmo que todos precisamos de um Salvador). Talvez seja interessante você dar uma olhada no capítulo agora, antes de prosseguir a leitura. Gostaria de apontar os principais aspectos em que acredito que a minissérie se distanciou do relato bíblico (OBS: o texto contém revelações sobre o enredo).

1. A “tenda vermelha” existiu?

A “tenda vermelha”, que dá nome à produção, é o local aonde as mulheres vão durante seus períodos menstruais, longe da vista dos homens, para celebrar, fofocar, se relacionar e participar de rituais religiosos de adoração a deusas associadas à cura e à fertilidade. Mas não existe qualquer evidência histórica ou arqueológica de que tal espaço tenha existido alguma vez entre o povo de Israel.

2. Leia e Raquel eram pagãs?

Apesar de esperarmos certo grau de “liberdade artística” em qualquer adaptação, a visão “judaico-feminista” de Diamant que transforma as mulheres de Jacó em pagãs adoradoras secretas da deusa é pura ficção que distorce a verdade histórica. As Escrituras claramente apresentam as matriarcas de Israel como adoradoras de Yahweh/Jeová (Gênesis 29:32 Gênesis 30:6 Gênesis 30:24 etc.).

(Alguém poderia perguntar então porque Raquel roubou os ídolos de seu pai Labão, em Gênesis 31:34. Conforme o arqueólogo Rodrigo Silva aponta em seu livro Escavando a Verdade, pág. 79-80, esses ídolos, chamados de ilani ou terafim, eram certificados de posse de propriedades. A intenção de Raquel ao roubar esses ídolos não era religiosa, e sim, tornar seu esposo o dono de tudo o que pertencia ao seu pai.)

3. Labão não gostou de receber a Jacó?

Na Bíblia, Labão fica feliz em ver e receber Jacó como membro de seu clã (Gênesis 29:13), mas na minissérie ele se irrita com isso.

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4. Foi Jacó quem enganou a Labão?

Ao contrário do relato bíblico, onde Jacó é enganado por Labão para que se case com Leia ao invés de Raquel (Gênesis 29:21-30), na narrativa de Diamant, são Jacó e Leia quem enganam a Labão, para que ao final, Jacó consiga ficar com duas esposas (na verdade quatro, contando as concubinas Bila e Zilpa).

5. Rebeca era uma vidente?

Na minissérie, ao sair das terras de Labão, Jacó se encontra e reconcilia com seu irmão Esaú, bem como reencontra sua mãe Rebeca, a qual é o maior “oráculo” (uma espécie de vidente) da terra de Canaã. Apesar de Rebeca ter recebido uma revelação de Deus (Gênesis 25:23), não há nenhum indício de que ela possuísse algum dom profético, e menos ainda que recebesse presentes das pessoas para fazer previsões. Além disso, Jacó jamais se reencontra com sua mãe depois que foge para Harã por ter enganado a seu irmão.

6. Amor ao invés de estupro?

Não há qualquer estupro de Diná na história, ao contrário do texto bíblico (Gênesis 34:2). Para Diamant, Diná e Siquém têm um romance sincero, acompanhado de olhares apaixonados e declarações de amor verdadeiro. Diná é afastada desse relacionamento consensual contra sua vontade, por causa de ganância e orgulho de seu pai e irmãos.

7. Encontro entre José e Diná?

A história de José a partir de Gênesis 37 não fala mais nada sobre Diná, mas “The Red Tent” relata o encontro e a interação entre os dois irmãos no Egito, inclusive a tentativa de assassinato de José por Re-mose, filho de Diná.

A própria autora declarou que “a Tenda Vermelha não é uma tradução, mas uma obra de ficção. [...] Ao dar voz a Diná e fornecer textura e conteúdo às descrições bíblicas esboçadas, meus livros são um desvio radical do texto histórico.”

De fato. A ficção teria sido melhor se tivesse deixado a Bíblia de lado.

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