Não há alguém mais popular do que Jesus em toda a história humana. Mais livros foram escritos, mais músicas foram compostas e mais poemas foram declamados com a influência de Jesus do que de qualquer outra pessoa. A influência de Cristo se estende à Arte, à Literatura, à Política, à Ciência, à Filosofia, à Teologia e a quaisquer outros campos da existência humana.

Quadro das fontes extra-bíblicas que atestam a historicidade de Jesus (entre 30 e 150 d.C.)
Quadro das fontes extra-bíblicas que atestam a historicidade de Jesus (entre 30 e 150 d.C.)

Contudo, é de se admirar que existam pessoas que ainda duvidem que Jesus tenha sequer pisado na Terra. Sobre tais pessoas, F. F. Bruce, que foi professor catedrático de Crítica e Exegese da Bíblia na Universidade de Manchester, declarou em sua famosa obra The New Testament Documents: Are They Reliable? (p. 119) que “alguns escritores podem brincar com a ideia fantasiosa de um ‘mito de Cristo’, mas não podem fazê-lo com base nos dados históricos. A historicidade de Cristo é tão axiomática para um historiador desprovido de preconceitos como é a historicidade de Júlio César. Não são os historiadores que propagam as teorias a respeito de um ‘mito de Cristo’”.

As mais antigas e confiáveis referências que temos sobre Jesus são os quatro Evangelhos do Novo Testamento, escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. Estes relatos foram escritos por testemunhas de primeira mão da vida, ensinos, obras e ressurreição de Cristo (Mateus e João), ou por homens que relataram o que ouviram das testemunhas oculares (Marcos e Lucas), antes do ano 70 d.C. (menos de 40 anos após a ocorrência dos eventos que narram), quando a maioria das testemunhas estavam vivas ainda e poderiam confirmar ou desmentir as informações. Além disso, nenhuma outra obra histórica se compara à confiabilidade do Novo Testamento em termos de número e antiguidade de manuscritos. (Para uma defesa da confiabilidade histórica dos Evangelhos, veja Josh Mcdowell e Sean McDowell, Mais que um carpinteiro).

Mesmo Bart Ehrman, professor de Estudos Religiosos na Universidade da Carolina do Norte e um destacado crítico do Novo Testamento, teve de admitir que “as mais antigas e melhores fontes de que dispomos para tomar conhecimento dos fatos da vida de Jesus (…) são os quatro evangelhos do Novo Testamento, legados por Mateus, Marcos, Lucas e João. Não se trata apenas de um ponto de vista de historiadores cristãos que têm em alta conta o Novo Testamento e seu valor histórico; é o ponto de vista de todos os historiadores sérios da Antiguidade, dos cristãos evangélicos aos ateus mais empedernidos”. (A verdade e ficção em o Código da Vinci, p. 139)

Mas e se por um momento abríssemos mãos dos Evangelhos como evidência histórica (o que não é de forma alguma necessário fazer), que informações podemos obter sobre a pessoa de Cristo nos documentos extra-bíblicos? Eles confirmam ou desmentem as narrativas dos apóstolos? Nesse artigo iremos analisar 31 fontes antigas dos séculos I e II e as informações que elas nos oferecem sobre a pessoa de Jesus e o Cristianismo primitivo. As fontes citadas foram agrupadas em 6 categorias: seculares, judaicas, arqueológicas, citadas em outros documentos, cristãs e gnósticas.

FONTES SECULARES

1) Cornélio Tácito. Foi governador da Ásia (56-120 d.C.) e historiador romano. Escreveu um livro chamado Histórias, no qual trata dos eventos e acontecimentos romanos entre 69 e 96 d.C., e Anais, um registro histórico incompleto. Nesta última obra ele relata que

“...nem todo o socorro que uma pessoa poderia ter prestado, nem todas as recompensas que um príncipe poderia ter dado, nem todos os sacrifícios que puderam ser feitos aos deuses, permitiram que Nero se visse livre da infâmia da suspeita de ter ordenado o grande incêndio, o incêndio de Roma. De modo que, para acabar com os rumores, acusou falsamente as pessoas comumente chamadas de cristãs, que eram odiadas por suas atrocidades, e as puniu com as mais terríveis torturas. Christus, o que deu origem ao nome cristão, foi condenado à extrema punição por Pôncio Pilatos, durante o reinado de Tibério; mas, reprimida por algum tempo, a superstição perniciosa irrompeu novamente, não apenas em toda a Judéia, onde o problema teve início, mas também em toda a cidade de Roma.”

Anais 15:44

2) Mara Bar-Serapion. Filósofo estoico da província romana da Síria. Tornou-se amplamente conhecido em função de uma carta que teria escrito a seu filho, chamado Serapion, por volta de 73 d.C. É uma das primeiras referências não-judaicas e não-cristãs a se referir a Jesus Cristo.

“Que proveito os atenienses obtiveram em condenar Sócrates à morte? Fome e peste lhe sobrevieram como castigo pelo crime que cometeram. Que vantagem os habitantes de Samos obtiveram ao pôr em fogo em Pitágoras? Logo depois sua terra ficou coberta de areia. Que vantagem os judeus obtiveram com a execução do seu sábio rei? Foi logo após esse acontecimento que o reino dos judeus foi aniquilado. Com justiça, Deus vingou a morte desses três sábios: os atenienses morreram de fome; os habitantes de Samos foram surpreendidos pelo mar; os judeus arruinados e expulsos de sua terra, vivem completamente dispersos. Mas Sócrates não está morto, ele sobrevive aos ensinos de Platão. Pitágoras não está morto; ele sobrevive na estátua de Hera. Nem o sábio rei está morto; ele sobrevive nos ensinos que deixou.”

Manuscrito Siríaco, add 14, 658

3) Luciano de Samosata. Filósofo e escritor grego satírico (125-181 d.C.). Poucos detalhes da sua vida são facilmente verificáveis, e inclusive suas próprias palavras em relação a si mesmo são aparentemente controversas. Referiu-se a Cristo e às crenças dos primeiros cristãos.

“Os cristãos, como sabes, adoram um homem até hoje – o personagem distinto que introduziu seus rituais insólitos e foi crucificado por isso (…) Essas criaturas mal orientadas começam com a convicção geral de que são imortais, o que explica o desdém pela morte e a devoção voluntária que são tão comuns entre eles; e ainda foi incutido neles pelo seu legislador original que são todos irmãos desde o momento que se convertem, e vivem segundo as suas leis. Tudo isso adotam como fé, e como resultado desprezam todos os bens mundanos, considerando-os simplesmente como propriedade comum.”

The Death of Peregrinus 11:3

4) Plínio, o Jovem. Autor e administrador romano da Bitínia, na Ásia Menor. Em 112 d.C. escreveu uma carta ao imperador romano Trajano, descrevendo as práticas de adoração dos primeiros cristãos.

“Todos estes adoraram a tua imagem e as estátuas dos deuses e amaldiçoaram a Cristo, porém, afirmaram que a culpa deles, ou o erro, não passava do costume de se reunirem num dia fixo, antes do nascer do sol, para cantar um hino a Cristo como a um deus; de obrigarem-se, por juramento, a não cometer crimes, roubos, latrocínios e adultérios, a não faltar com a palavra dada e não negar um depósito exigido na justiça. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição comum e inocente, sendo que tinham renunciado à esta prática após a publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas. O assunto parece-me merecer a tua opinião, principalmente por causa do grande número de acusados. Há uma multidão de todas as idades, de todas as condições e dos dois sexos, que estão ou estarão em perigo, não apenas nas cidades mas também nas aldeias e campos onde se espalha o contágio dessa superstição; contudo, creio ser possível contê-la e exterminá-la.”

Epístolas 10:96

5) Imperador Trajano: Imperador romano. Em 112 d.C. respondeu a uma carta de seu administrador Plínio, o Jovem, sobre como proceder com as acusações feitas aos cristãos:

“Nenhuma busca para encontrar essas pessoas deve ser feita; quando eles forem denunciados e condenados, devem ser punidos; mas com a restrição de que, quando a pessoa negar ser um cristão, e provar que não é (ou seja, adorando os nossos deuses), ela será perdoada por arrependimento, apesar de ter incorrido em suspeita anteriormente.”

Epístolas 10:97

6) Suetônio.

“Pouco se sabe sobre ele, exceto que ele era o secretário chefe do Imperador Adriano (117-138 d.C.) e que tinha acesso aos registros imperiais.”

Gary Habermas, The Historical Jesus, p. 190

“Como os judeus, por instigação de Chrestus, estivessem constantemente provocando distúrbios, Cláudio os expulsou de Roma.”

Suetônio, Vida de Cláudio, 25:4

Norman Geisler explica que “Suetônio, ao escrever muitos anos mais tarde, não estava na posição de saber se os tumultos eram provocados por Chrestus [Cristo] ou pelos judeus contra seus seguidores. De qualquer forma, Cláudio ficou aborrecido o suficiente para expulsar todos os judeus da cidade (inclusive os companheiros de Paulo, Áquila e Priscila) em 49 d.C.” (Enciclopédia de Apologética, p. 449).

7) Imperador Adriano. Imperador romano de 117 a 138 d.C. Escreveu uma carta a Minúcio Fundano, procônsul da Ásia, por volta do ano 125 d.C., dando instruções sobre a maneira como deveriam ser tratados os cristãos. Eis a carta, conforme divulgada pelo historiador Eusébio de Cesareia (século IV), no capítulo 9 do livro IV de sua História Eclesiástica:

“Elio Adriano Augusto, a Minúcio Fundano, procônsul, saúde. Recebi cartas dirigidas a mim por Serenio Graniano, varão esclarecido, teu antecessor. Certamente parece-me que este assunto não deve ser tratado de qualquer maneira, sem um exame criterioso, para que os cristãos não sejam perturbados, e para que não se dê aos delatores ocasião de caluniar. Portanto, se os habitantes das províncias podem se fazer presentes em seus processos judiciais contra os cristãos, de tal modo que respondam diante do tribunal, procurem unicamente que não se use de petições e clamores. Porque será muito mais justo que tu descubras se alguém está só com a intenção de acusar. Se alguém denunciar os cristãos e provar que eles têm agido contra a lei, toma uma decisão contra os acusados conforme a gravidade do delito. Mas se, conforme estou suspeitando, o acusador pretender unicamente caluniar, tu lançarás mão dos meios para castigar, conforme a gravidade do crime.”

FONTES JUDAICAS

8) Flávio Josefo. Historiador judeu do primeiro século, nasceu alguns anos após a morte de Jesus. Em 66 d.C., obteve um cargo militar na Galiléia, mas na Guerra Judaica desertou para os romanos. Em 93 d.C. terminou de escrever sua famosa obra Antiguidades dos Judeus.

“[O sumo-sacerdote] Ananus reuniu os juízes do Sinédrio e lhes apresentou um homem de nome Tiago, o irmão de Jesus chamado o Cristo, e certos outros. Ele os acusou de terem transgredido a Lei e os entregou para serem apedrejados.”

Antiguidades dos Judeus, 20.9.1

Embora alguns poucos levantem objeções contra a autenticidade dessa passagem, “os eruditos não encontraram qualquer razão para duvidar de sua autenticidade. Esta passagem é, portanto, uma referência primitiva a Jesus muito importante.” (Josh McDowell e Bill Wilson, Ele andou entre nós, p. 46)

Mas há uma outra passagem do trabalho de Flávio Josefo que sofreu não pouca discussão ao longo da história.

“Cerca dessa época viveu Jesus, um homem sábio, se de fato podemos chama-lo homem. Pois ele foi alguém que realizou feitos surpreendentes e ensinou as pessoas que aceitavam alegremente a verdade. Ele atraiu muitos judeus e gregos. Era o Messias. Quando Pilatos, depois de ouvir acusações contra ele feitas por homens das mais elevadas posições entre nós condenou-o para ser crucificado, os que haviam passado a amá-lo não desistiram de sua afeição por ele. No terceiro dia, ele apareceu a eles restaurado à vida, pois os profetas haviam profetizado essa e inúmeras coisas sobre ele. A tribo dos cristãos, que recebeu esse nome por causa dele, ainda não desapareceu até hoje.”

Antiguidades dos Judeus 18.3.3

A dúvida sobre a confiabilidade dessa passagem repousa no fato de que sua linguagem, em especial dos trechos destacados, soa muito cristã para um judeu do 1º século. Josefo se manteve como judeu até o fim de sua vida, e seria perigoso para ele manifestar tal entusiasmo por um pretenso messias morto pelas autoridades romanas, quando ele próprio estava dependendo do favor dos romanos. Mas a passagem não foi de todo falsificada. “Josefo deve ter dito algo sobre Jesus que foi mais tarde, e infelizmente para nós, manipulado por algum copista cristão.” (Josh McDowell e Bill Wilson, Ele andou entre nós, p. 49)

Uma versão árabe do texto de Josefo, escrita no século IV, pode representar mais proximamente o que deve ter sido a citação original.

“Nesta ocasião, havia um homem sábio chamado Jesus. A sua conduta era boa, e ele era tido como virtuoso. Muitas pessoas dentre os judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o a ser crucificado e a morrer. Os que se tornaram seus discípulos não abandonaram o seu discipulado. Eles anunciaram que ele lhes aparecera vivo três dias depois da sua crucificação e que estava vivo; assim sendo, ele era talvez o Messias de quem os profetas falaram maravilhas.”

Antiguidades dos Judeus 18.3.3, citação conforme preservada no manuscrito árabe "Kitab Al-Unwan Al-Mukallal Bi-Fadail Al-Hikma Al Mutawwaj Bi-Anwa Al Falsafa Al-Manduh Bi-Haqaq Al-Marifa"

9) Talmude. O Talmude é uma obra judaica composta por dois diferentes compêndios: a Mishná, que reúne citações rabínicas anteriores ao ano 200 d.C., e provavelmente posteriores a 70 d.C.; e a Gemará, que é posterior ao ano 500 d.C., e é um comentário da Mishná. “A Mishná foi organizada por temas pelo Rabi Akiba antes de sua morte em 135 d.C. Seu trabalho foi revisado pelo Rabi Meier. O projeto ficou pronto por volta de 200 d.C. pelo Rabi Judá.” (Gary Habermas, The Historical Jesus, p. 202)

“Na véspera da Páscoa eles penduraram Yeshu [Jesus] e antes disso, durante quarenta dias o arauto proclamou que [ele] seria apedrejado ‘por prática de magia e por enganar a Israel e fazê-lo desviar-se. Quem quer que saiba algo em sua defesa venha e interceda por ele’. Mas ninguém veio em sua defesa e eles o penduraram na véspera da Páscoa.”

Mishná, 43ª seção do Sanhedrin

Craig Blomberg declara que “a acusação de que Jesus era feiticeiro aparece em outros trechos da literatura rabínica, o que fornece corroboração indireta de que Jesus realmente realizava milagres.” (Questões Cruciais do Novo Testamento, p. 45)

Outro texto da Mishná declara que “Yeshu [Jesus] tinha discípulos chamados Matha [Mateus], Naqai [Nicodemus?], Nezer [Nazareno?], Buni [João?] e Todah [Tadeu].” (Mishná, 43ª seção do Sanhedrin.)

 

FONTES ARQUEOLÓGICAS

10) O ossuário de Tiago, irmão de Jesus. O ossuário de Tiago é a primeira descoberta arqueológica referente a Jesus, divulgada em 2002. A urna funerária (uma caixa para guardar ossos) data do século I e traz nela a inscrição aramaica “Ya’akov bar Yosef achui d’Yeshua”, que significa “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. A Geological Survey of State of Israel realizou exames científicos no material e declarou a sua autenticidade. Para uma análise mais detalhada dessa descoberta e sua importância, veja a obra O irmão de Jesus, de Hershel Shanks e Ben Witherington III.

 

FONTES CITADAS EM OUTROS DOCUMENTOS:

11) Talo. Antigo historiador samaritano. Escreveu entre 50 e 55 d.C. sobre a história do mundo Mediterrâneo. Nenhum dos seus escritos sobreviveu até hoje. O que sabemos sobre ele e sua obra provêm de outros escritores que o citaram.

Um dos autores que o menciona é Júlio Africano (220 d.C.), quando trata da escuridão que cobriu a Terra durante a crucificação de Cristo. Segundo Africano, Talo teria registrado esse fato como um evento cósmico:

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“Talo, no terceiro dos seus livros que escreveu sobre a história, explica essa escuridão como um eclipse do sol – o que me parece ilógico.”

Fragmentos XII

Esse texto demonstra que o relato dos Evangelhos sobre as trevas no momento da crucificação de Cristo era bem conhecido, e exigia uma explicação naturalista por parte daqueles que não criam na mensagem cristã.

12) Flegon. Escritor grego da Cária, nasceu por volta de 80 d.C. Escreveu uma cronologia pouco depois de 137 d.C. Segundo Júlio Africano e Orígenes, em sua obra Olimpíadas, Flegon afirmou que no 4º ano das Olimpíadas de 202 (cerca de 33 d.C.) houve um eclipse solar, anoiteceu na sexta hora do dia, houve um grande terremoto na Bitínia e muitas coisas saíram fora do lugar em Nicéia. Essas declarações nos lembram as perturbações cósmicas dos relatos bíblicos.

“Desde a hora sexta até a hora nona, houve trevas sobre toda a terra.”

Mateus 27:45

“Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas.”

Mateus 27:51

13) Atas de Pilatos. Em 150 d.C., o filósofo cristão Justino Mártir escreveu a sua I Apologia, uma defesa da fé cristã endereçada ao imperador romano Antonino Pio. A fim de averiguar a veracidade histórica do Cristianismo, Justino sugere a Antonino que procure as informações registradas nas atas de Pôncio Pilatos, guardadas nos arquivos Imperiais de Roma.

“‘Transpassaram as minhas mãos e os meus pés’ [Justino está citando o Salmos 22] significava os cravos que na cruz transpassaram seus pés e mãos. E depois de crucificá-lo, aqueles que o crucificaram lançaram sorte sobre as suas roupas e as repartiram entre si. Que tudo isso aconteceu assim, podeis comprová-lo pelas Atas redigidas no tempo de Pôncio Pilatos.”

Apologia 1:35

“Que nosso Cristo curaria todas as enfermidades e ressuscitaria mortos, escutai as palavras com que isso foi profetizado. São estas: ‘Diante dele, o coxo saltará como cervo e a língua dos mudos se soltará, os cegos recobrarão a vista, os leprosos ficarão limpos e os mortos ressuscitarão e começarão a andar’. Que tudo isso foi feito por Cristo, vós o podeis comprovar pelas Atas redigidas no tempo de Pôncio Pilatos.”

Apologia 1:48

14) Carta do Rei Abgar V. Abgaro V ou Abgar V de Edessa foi rei de Osroena, com Edessa como capital, na Mesopotâmia (atual Síria). De acordo com uma antiga tradição, Abgar converteu-se ao Cristianismo por Addai, um dos setenta e dois discípulos de Jesus (Lucas 10). Falando sobre a fama do ministério de Cristo, o historiador do 4º século Eusébio de Cesareia aponta para a popularidade do Messias para além das extremidades da Palestina. Ele relata uma correspondência, a qual teria sido enviada por Abgar a Cristo.

“Agbaro, príncipe de Edessa, a Jesus, o excelente Salvador, que se manifestou nos limites de Jerusalém, saudações. Tenho ouvido os relatos a respeito de ti e de tuas curas, realizadas sem remédios e sem o uso de ervas. Pois, conforme se diz, fizeste o cego volta a enxergar, o coxo a andar, e purificaste os leprosos, e expulsaste espíritos impuros e demônios, e curaste os atormentados por longas enfermidades, e ressuscitaste mortos. E ouvindo todas essas coisas a respeito de ti, concluí em minha mente de duas, uma: ou és Deus e, tendo descido do céu, realizas essas coisas, ou então, por realizá-las, és filho de Deus. Assim, escrevo agora e imploro que me visites e me cures da doença com que sou afligido. Também tenho ouvido que os judeus murmuram contra ti, tramando injuriá-Lo. Tenho, porém, um estado muito pequeno, mas nobre, suficiente para nós dois.”

História Eclesiástica 1:13

FONTES CRISTÃS

15) Policarpo. (69-155 d.C.) Bispo na cidade Esmirna, na Turquia.

16) Clemente de Roma. (10-101 d.C.) Bispo em Roma, na Itália.

17) Inácio. (35-107 d.C.) Bispo em Antioquia da Síria.

18) Justino Mártir. (100-165 d.C.). Teólogo romano do século II d.C.

19) Hermas. Às vezes chamado simplesmente de ‘O Pastor’, é uma obra literária cristã do século II d.C., originalmente escrita em Roma, em grego.

20) Aristides. Autor cristão grego do século II d.C., conhecido por sua obra Apologia de Aristides.

21) Atenágoras. (133-190 d.C.) Apologista cristão que viveu no século II d.C. Aparentemente nasceu e viveu em Atenas, e escreveu uma apologia do Cristianismo ao imperador Marco Aurélio.

22) Pápias. (70-163 d.C.) Bispo de Hierápolis, na Turquia.

23) Teófilo (?-183 d.C.) Bispo em Antioquia da Síria.

24) Didaquê. Também conhecido como Instrução dos Doze Apóstolos ou Doutrina dos Doze Apóstolos é um catecismo cristão do século I d.C. É constituído de dezesseis capítulos, e possui grande valor histórico e teológico.

25) Barnabé. Epístola grega contendo 21 capítulos, tradicionalmente atribuída ao Barnabé mencionado nos Atos dos Apóstolos, embora alguns autores a atribuam a um certo Barnabé de Alexandria. Essa carta não deve ser confundida com o falso Evangelho de Barnabé.

26) Quadratus. (?-129 d.C.) Bispo de Atenas, na Grécia.

27) Hegésipo. (110-180 d.C.) Judeu convertido ao Cristianismo e que escreveu contra heresias como o Gnosticismo e o Marcionismo.

Todas essas antigas obras cristãs, escritas por pessoas que conheceram os próprios apóstolos ou foram discípulos de discípulos dos apóstolos, confirmam a veracidade de eventos históricos relativos a Cristo mencionados nos Evangelhos, como seu nascimento virginal, batismo, ministério de curas e ensino, crucificação, ressurreição e ascensão aos céus.

Maiores informações podem ser obtidas na obra The Ante-Nicene Fathers, coleção de livros em 10 volumes organizada por A. Cleveland Coxe, Alexander Roberts, James Donaldson, Philip Schaff e Henry Wace, contendo traduções para o inglês dos textos cristãos da época apostólica até o Concílio de Niceia, em 325 d.C.

FONTES GNÓSTICAS

O Gnosticismo foi um falso movimento religioso, surgido entre o final do século I e o início do século II d.C., provavelmente na Síria-Palestina. Entre as crenças peculiares deste movimento, podemos enumerar: (1) uma divindade transcendente indescritível, puramente espírito; (2) um dualismo básico entre o espírito, considerado como bom, e a matéria, considerada como má; (3) a criação das coisas materiais e do homem por um deus menor, o Deus do Antigo Testamento; (4) uma faísca de Deus implantada no homem em sua criação; (5) a redenção e a libertação dessa faísca divina por meio do esclarecimento, resultando na autoconsciência; (6) um Cristo que salva por ser o Revelador ou o Iluminador, e não o Salvador-sofredor; e (7) a salvação por meio do conhecimento, basicamente pelo autoconhecimento. (Dicionário Bíblico Wycliffe, p. 871)

A fim de competir com o Cristianismo e conquistar discípulos, os gnósticos passaram a produzir falsas obras religiosas, fazendo a autoria de tais obras passar-se por apostólica ou de alguém próximo aos apóstolos, os chamados Evangelhos Gnósticos. Entre algumas das antigas obras desse movimento, podemos citar:

28) Evangelho da Verdade. (140 -180 d.C.)

29) Evangelho de Tomé. (140 d.C.)

30) Papiro de Egerton. (94-150 d.C.)

31) Evangelho de Pedro. (150-200 d.C.)

Embora tais documentos não sejam confiáveis do ponto de vista teológico/doutrinário, e mesmo do ponto de vista histórico, eles preservam separadamente alguns dos mesmos ditos e obras de Jesus referidos nos Evangelhos canônicos, confirmando a autenticidade dessas tradições. Para uma análise mais detalhada dessa evidência e sobre como separar o ‘joio do trigo’, veja o capítulo 4 do livro de Josh McDowell e Bill Wilson, Ele andou entre nós (‘Ágrafos, Apócrifos e Pseudepígrafos’).

CONCLUSÃO

O que o conjunto de todas essas fontes extra-bíblicas podem nos contar sobre Jesus?

“Em resumo, elas nos informam que Jesus: 1) era de Nazaré; 2) viveu de modo sábio e virtuoso; 3) foi crucificado na Palestina sob Pôncio Pilatos durante o reinado de Tibério César na época da Páscoa, sendo considerado o rei judeu; 4) segundo seus discípulos, ele ressuscitou dos mortos depois de três dias; 5) seus inimigos reconheceram que ele realizou feitos incomuns denominados por outros ‘feitiçaria’; 6) seu pequeno grupo de discípulos se multiplicou rapidamente, espalhando-se até Roma; 7) seus discípulos negavam o politeísmo, viviam de acordo com princípios morais e adoravam a Cristo como divino. Essa descrição confirma a imagem do Jesus apresentada nos evangelhos do Novo Testamento.”

Norman Geisler e Peter Bocchini, Fundamentos Inabaláveis, p. 46

“Quando combinamos todo este antigo testemunho não-cristão de Jesus, há material mais que suficiente para refutar o mito persistente que ainda existe em alguns círculos, de que Jesus jamais existiu.”

Craig Blomberg, Questões Cruciais do Novo Testamento, p. 46

Que tal deixar o Jesus histórico entrar e mudar a história da sua vida também?

“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação.”

Romanos 10:9-10

Escrito por Fabricio Luís Lovato

    • Bacharel e Licenciado em Ciências Biológicas (UFSM)
    • Mestre em Bioquímica Toxicológica (UFSM)
    • Doutorando em Educação em Ciências (UFSM)
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