"Na realidade, alguns dos mais celebrados avanços da tradição científica ocidental foram feitos por estudiosos religiosos que justificaram seu trabalho (pelo menos em parte) apelando para a fórmula da filosofia natural como serva da Teologia. Nenhuma instituição ou força cultural do período patrístico ofereceu mais encorajamento para a investigação da natureza do que a igreja cristã. [...] Vale dizer que a presença da igreja cristã aprimorou, ao invés de prejudicar o desenvolvimento das ciências naturais. [...]
O imaturo conceito da Idade Média como um milênio de estagnação trazido pelo Cristianismo praticamente desapareceu entre estudiosos familiarizados com o período. [...]
De forma sucinta, o período medieval deu origem à universidade, que se desenvolveu com o apoio ativo do papado. [...] Em 1500, cerca de sessenta universidades estavam espalhadas pela Europa. [...] Cerca de 30% do currículo das universidades medievais tratava de assuntos e textos ligados ao mundo natural. [...]
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Dezenas de universidades introduziram um grande número de estudantes à geometria de Euclides, óptica, problemas de geração e reprodução, princípios rudimentares de astronomia e argumentos para a esfericidade da Terra. Até mesmo estudantes que não completavam seus diplomas ganharam familiaridade básica com a filosofia natural e as ciências matemáticas, e assimilaram o naturalismo destas disciplinas. Esse foi um fenômeno cultural de primeira ordem, pois afetou uma elite culta de milhares e milhares de estudantes."
Fonte: Ronald L. Numbers (Org.). Terra Plana, Galileu na Prisão e Outros Mitos sobre Ciência e Religião. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. p. 35, 38, 40, 41.
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