Onde está localizado hoje o túmulo que foi deixado vazio após a ressurreição de Jesus? Existem duas propostas principais, comumente aceitas: a que ele se localiza na chamada “Igreja do Santo Sepulcro”, aceita pelos católicos; e a que ele estaria no chamado “Jardim do Sepulcro” (ou “Jardim de Gordon”, devido à sua descoberta em 1883, pelo General inglês Charles Gordon), aceita por muitos protestantes. Pretendo abordar, resumidamente, os argumentos para cada uma dessas propostas e apresentar a opção mais plausível.

IGREJA DO SANTO SEPULCRO

[1] Segundo relatos históricos, o imperador romano Adriano (que governou de 117 a 138 d.C.), após conter uma revolta judaica, ordenou a construção de um santuário dedicado à deusa Vênus/Afrodite no local em que estaria localizado o túmulo de Jesus. Esse santuário foi destruído para a construção da Igreja do Santo Sepulcro.

Após a edição do Edito de Tolerância pelo imperador Constantino, no século IV, uma comitiva viajou à Terra Santa e identificou o local sagrado, onde uma Igreja foi construída por ordem de Helena, mãe de Constantino. Uma análise das amostras da construção pela National Geographic Society datou a construção por volta de 345 d.C.

A construção de Adriano, que procurou subjugar locais de adoração judaica e cristã, faz sentido se este fosse realmente o local venerado pelos cristãos primitivos como o sepulcro de Jesus.

[2] Uma fenda na rocha nas proximidades do local é condizente com o terremoto ocorrido na crucificação de Jesus (Mateus 27:51).

[3] O local situava-se perto de uma estrada pública nos tempos de Jesus, o que está em acordo com Mateus 27:39 bem como com as exigências judaicas (Levíticos 24:14) e romanas para um local de execução.

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TUMBA DO JARDIM

[1] Gordon alegou que o local tradicional e antigo não deveria ser aceito, porque na época de Jesus estava dentro dos muros da cidade e, por questões de pureza cerimonial, os cemitérios judaicos eram afastados das suas casas. Cristo foi sepultado fora dos muros da cidade (João 19:20 Hebreus 13:11-12).

[2] Uma tradição oral local aponta que essa região era utilizada por autoridades judaicas para execuções por apedrejamento, e possivelmente, também de crucificação no período romano.

[3] A semelhança da face da rocha à esquerda do jardim com um crânio humano poderia justificar o nome do local como “Calvário” ou “Gólgota” (“Lugar da Caveira”).

[4] A descoberta de um lagar, escavado em 1924, e um dos maiores já encontrados em Israel, sugere que o jardim foi originalmente uma extensa vinha, podendo ser a propriedade de um homem rico, como José de Arimateia.

Escavações na década 1960 por Kathleen Kenyon e na década de 1970 por Magen Broshi demonstraram, sem sombra de dúvidas, que o local em que Jesus foi crucificado e onde hoje se encontra a Igreja do Santo Sepulcro se localizava realmente fora dos muros da cidade. A descoberta de uma “Porta do Jardim” nesse muro concorda com as referências da presença de um jardim nesse local (João 19:41 20:15).

Os sepulcros no complexo de sepulcros em que se localiza a “Tumba do Jardim” foram datadas da época do Primeiro Templo ou da Idade do Ferro II (séculos VIII-VII a.C.), o que contradiz que Jesus foi enterrado em um “sepulcro novo, em que ainda ninguém havia sido posto” (João 19:41). O teólogo e arqueólogo Randall Price afirma que “não há nenhuma evidência arqueológica que apoie este local”. Os sepulcros localizados, por sua vez, nas redondezas da Igreja do Santo Sepulcro são sepulcros recentes, da época do Segundo Templo (século I d.C.).  

Em conclusão, o peso arqueológico e histórico que sustenta a reivindicação da Igreja do Santo Sepulcro como o local do sepultamento de Cristo é substancial. E o mais importante: o sepulcro está vazio.

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