Este é um paralelo potencial que muitas pessoas familiarizadas com a Bíblia e a mitologia grega se perguntaram. Tanto Sansão quanto Hercules são bem conhecidos por sua força lendária, e existem muitas outras semelhanças entre os dois.

A mãe de Sansão é descrita como estéril (Juízes 13:2), o que significa que ela não podia ter filhos. Um dia, ela é visitada pelo Anjo do Senhor, que a informa que ela terá um filho que começará a libertar os israelitas dos filisteus. Ela recebe instruções sobre os requisitos dietéticos da criança e que não deveria deixar que uma navalha passasse por seu cabelo [N.T.: da criança]. Ela conta ao marido Manoá. O Anjo, então, aparece para ambos e repete algumas instruções sobre os requisitos dietéticos. Sansão nasce, cresce e se torna muito forte. Ele mata um leão apenas com as próprias mãos (Juízes 14:6), mata um grupo de homens que ameaçaram matar a mulher desposada com ele (Juízes 14:15,19), mata mil filisteus com a mandíbula de um burro porque mataram a sua noiva e seu pai (Juízes 14:6, 15), dorme com uma prostituta (Juízes 16:1), apaixona-se por Dalila (Juízes 16:4), compartilha o segredo de sua força e finalmente é capturado, cegado e zombado (Juízes 16:17-27). Sansão morreu quando ele destruiu um templo de Dagon, afastando duas de suas colunas de apoio e, no processo, matou cerca de três mil filisteus (Juízes 16:27-30).

É dito que Hércules foi um semideus, o filho de Zeus e de uma mulher chamada Alcmena. Sua primeira esposa foi uma mulher chamada Mégara. Hera temporariamente fez Hércules insano, e ele matou seus dois filhos (algumas histórias dizem que ele matou Mégara também). Com sua sanidade restaurada, Hércules completa os famosos 12 trabalhos, um dos quais era matar o Leão de Nemeia. Depois de uma vida de promiscuidade e ações heroicas, Hércules é envenenado e morre. Embora a grande maioria das suas obras são míticas, alguns acreditam que Hércules era uma pessoa real vivendo no 13º século a.C.

Existem muitas diferenças entre esses dois homens poderosos, mas as semelhanças são impressionantes. Se alguns dos detalhes lendários da vida de Hércules fossem emprestados (embora distorcidos) do relato de Sansão, talvez essa seria outra conexão entre a história verdadeira das Escrituras e as lendas distorcidas da mitologia. Hércules era um semideus (filho de um deus e uma humana). Enquanto o pai de Sansão era Manoá, sua mãe foi visitada por Deus antes de sua concepção (é fácil visualizar como essa visita poderia ter sido distorcida ao ser recontada para se pensar nele como um semideus). Ambos os homens experimentaram finais trágicos para os primeiros casamentos. Ambos os homens mataram leões. Ambos eram conhecidos por sua força incrível. Sansão morreu, empurrando dois pilares no templo de Dagon, e Hércules também é conhecido por ter colunas associadas a ele. As duas elevações no extremo oeste do Mar Mediterrâneo, uma na costa norte da África e outra na costa sul da Europa, são chamadas de Pilares de Hércules. O período de tempo em que se pensa que Hércules viveu também corresponde bem com a vida de Sansão.

Existem muitas outras semelhanças e possíveis paralelos entre os relatos bíblicos e a mitologia grega antiga, e algumas das conexões que apontei podem ser meramente coincidências. Talvez algumas das semelhanças só existam porque as lendas antigas foram alteradas para acomodar ou incluir ideias bíblicas. Mas não faz sentido concluir que os gregos antigos apenas ensinaram essas ideias porque as ouviram de missionários cristãos, já que as fontes desses mitos gregos existem há tanto tempo antes do Cristianismo entrar em cena. Parece bastante óbvio para mim que essas histórias encontram sua base na realidade. A Bíblia registra a verdadeira história do nosso mundo sem embelezamento, enquanto muitas culturas antigas preservam porções da verdadeira história que muitas vezes foram obscurecidas por detalhes lendários.

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Adaptado e traduzido por Fabricio Luís Lovato, a partir de “Giant Speculations: The Bible and Greek Mythology”, disponível em: <http://creationtoday.org/giant-speculations-the-bible-and-greek-mythology>.

NOTA DO TRADUTOR

Embora alguns argumentem que o relato bíblico de Sansão é na verdade uma cópia da lenda de Hércules, alguns fatos contrariam essa posição. Comparando ambas as histórias, vemos claras diferenças entre fantasia e realidade. Hércules vence monstros como centauros, um dragão de cem cabeças, um gigante de seis braços e quatro asas, um cão de três cabeças e uma serpente de nove cabeças. Embora as façanhas de Sansão sejam extraordinárias (as quais podem ser explicadas pelo poder do Espírito Santo que o acompanhava), não apresentam elementos mitológicos. Os estudiosos apontam que é mais comum que relatos mitológicos elaborados sejam construídos a partir de relatos históricos mais simples. Por sua simplicidade, a história de Sansão merece a precedência.

Conforme apontado no texto de Tim Chaffey, embora haja ocorrido distorções ao longo do tempo, muitas semelhanças podem ser apontadas entre alguns dos relatos bíblicos e a mitologia grega. Tais relatos mitológicos tornam-se então, fontes independentes dos mesmos eventos, realçando a confiabilidade histórica da Bíblia.

Alguns exemplos podem ser citados:

  1. A lenda da caixa de Pandora, em que ela desobedece a uma ordem de Epimeteu e abre uma caixa, liberando todos os males sobre o mundo, assemelha-se ao relato bíblico da desobediência de Eva quanto à proibição de se comer do fruto proibido, o que traz todo o tipo de mal sobre o mundo.
  2. A história em que Deucalião constrói uma arca para escapar de um dilúvio enviado por Zeus ecoa o relato bíblico de Noé e o dilúvio.
  3. A história de que os homens viviam em paz e falavam um único idioma, até Hermes introduzir a diversidade de falas e dividir a humanidade em nações separadas, ecoa o relato bíblico da Torre de Babel.
  4. O mito em que Faeton, filho do deus Apolo, interrompeu o curso do Sol por um dia parece ser uma explicação grega para o relato do longo dia de Josué (Josué 10:13).
  5. Alguns Pais da Igreja do segundo século, como Atenágoras de Atenas (133-190 d.C.) e Justino Mártir (100-165 d.C.), apontaram que muitos dos ensinos da sabedoria filosófica da Grécia foram obtidos a partir das Escrituras do Antigo Testamento, especialmente dos escritos de Moisés. Por exemplo, Justino Mártir, em sua I Apologia, declarou a respeito de Platão: “De modo que o próprio Platão, ao dizer: ‘A culpa é de quem escolhe. Deus não tem culpa’, falou isso por tê-lo tomado do profeta Moisés, pois sabe-se que este é mais antigo do que todos os escritores gregos. Em geral, tudo o que os filósofos e poetas disseram sobre a imortalidade da alma e da contemplação das coisas celestes, aproveitaram-se dos profetas, não só para poder entender, mas também para expressar isso.” (I Apologia, 44:8-10).