Texto de Estudo

Então Josué deu ordem aos príncipes do povo, dizendo: Passai pelo meio do arraial e ordenai ao povo, dizendo: Provede-vos de comida, porque dentro de três dias passareis este Jordão, para que entreis a possuir a terra que vos dá o SENHOR vosso Deus, para a possuirdes.   Josué 1:10-11

INTRODUÇÃO

Após receber do Senhor palavras de encorajamento e orientação, Josué assumiu a liderança do povo. E deu início à caminhada para a conquista de Canaã. De seu acampamento, no limiar oriental de Canaã, Israel preparou-se para atravessar o Jordão. A possessão da Terra Prometida é assegurada a Josué e a Israel, no caso de serem corajosos e obedientes aos mandamentos do Senhor.

Na lição de hoje, veremos as primeiras ações de Josué na liderança do povo e os passos iniciais quanto aos preparativos para a travessia do rio e a conquista de Jericó.

 

ASSUMINDO A LIDERANÇA

 

            A partir do verso 10 do capítulo um, encontramos as primeiras ações de Josué ao assumir a liderança. Suas instruções estão pautadas na primeira ordem que recebera do Senhor: “passa este Jordão” (Josué 1:2). Esses versos também descrevem a atitude de um verdadeiro líder. Já vimos que Josué estava convicto de seu chamado (v.2), tinha conhecimento da sua missão(v.4) e, acima de tudo, sabia em nome de quem venceria a batalha (v.9). O povo estava a serviço de Josué, e ele tinha ciência de que servia ao Senhor.

Suas primeiras palavras descrevem alguém que está revestido de autoridade: “Então, deu ordem Josué aos príncipes do povo dizendo...”. (v.10) Essa autoridade lhe fora concedida por Moisés, e o povo reconhecia isso. (Deuteronômio 34:9) As pessoas estava acampadas, esperando alguém que as conduzisse, alguém que tomasse a frente. Israel já havia pranteado Moisés (Deuteronômio 34:8), e Deus instruíra Josué. Então, sem demora, ele apresentou-se e começou a liderar. Em outras palavras, assumiu sua responsabilidade.

A Igreja de Cristo continua precisando de líderes assim, quem realmente assuma a responsabilidade de liderar. Trata-se de gente convicta do seu chamado e ciente da missão. Não há tempo para desculpas, pois o rebanho pode se dispersar. As pessoas querem ser lideradas, mas os líderes estão se escondendo atrás de seus temores. Não podemos esquecer quem nos chamou, tampouco de nossa missão. É preciso lembrar em nome de quem lutamos.

 

AS PRIMEIRAS AÇÕES

                O primeiro passo a ser dado para a conquista de Canaã seria a travessia do Jordão. A conquista de todo o território dependia de que tal ação fosse bem sucedida. Deus faria as águas se abrirem, mas o povo precisaria se preparar para o evento.

            A seguir, veremos quais as ações iniciais de Josué, tendo em vista a travessia do rio e a conquista dos primeiros territórios:

a)    Preparando o povo para a travessia

A primeira ação de Josué foi orientar o povo para que começasse a se preparar. A convivência com Moisés tornou-o alguém que sabia delegar funções (Êx 18:25-26; Números 11:16-17), e ele transmite a responsabilidade de conclamar o povo aos preparativos aos príncipes. A mensagem que estes deveriam transmitir a todo o arraial era: “Provede-vos de comida, porque, dentro de três dias, passareis este Jordão, para que entreis na terra que vos dá o Senhor” (v.11).

O povo foi chamado a se aprovisionar e, assim, preparar-se para a viagem.A falta de tempo para preparar as provisões acha-se exemplificada no Êxodo, ocasião em que os israelitas levaram massa não levedada, de modo que assaram pão sem fermento. (Êx 12:39) Ao contrário da primeira travessia, a segunda não deveria acontecer apressadamente, nem fugindo de um inimigo. Pelo contrário, seria feita com preparativos suficientes e com objetivo de conquistar o inimigo.

A questão dos “três dias” pode ser interpretada de várias formas. Talvez seja por o número três estar associado a preocupações rituais, com frequência suficiente para sugerir a seu respeito ocasiões de significado cultural. Também pode ser vista como um tempo para o povo levantar acampamento e preparar-se para a viagem. Ou, então, seria o período que o povo levaria em marcha, até as ribanceiras do Jordão.

b)   Preparando os guerreiros para as batalhas

A segunda atitude foi preparar o exército para as batalhas a serem travadas após a travessia do rio. Josué foi um líder sábio, pois estava sempre um passo à frente de suas ações. Ele sabia que, após a travessia, logo viriam as batalhas, e o exército deveria estar pronto.

Boa parte dos militares pertencia às tribos de Ruben, Gade e a meia tribo de Manassés. Estas tribos já haviam recebido sua herança territorial a leste do Jordão e não precisariam conquistar um território do outro lado do rio; porém, Josué lembrou-lhes do compromisso firmado com Moisés em acompanhar, com seus exércitos, as demais tribos, até que toda a Canaã fosse conquistada. (Números 32) Ao tratar da lealdade desses guerreiros, Josué abordou um tema que viria à tona em vários contextos, ao longo do livro: a unidade de Israel.

O fato de Josué pedir aos militares dessas tribos para tomar a frente do exército (v.14) demostra que eram mais fortes e melhor preparados para a batalha. Eles são chamados de “valentes”. Isso demonstra que Josué contava com uma estratégia militar e sabia que os guerreiros mais preparados serviriam como tropa de choque a serviço do exército.

c)    Estudando uma estratégia de ação contínua

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Essa ação relaciona-se ao fato de Josué ter enviado dois homens para espiar a cidade de Jericó. Alguns teólogos acreditam que isso antecedeu a ordem de Josué, preparando o povo para a travessia (1:10-18). Ou seja, primeiramente, investigou Jericó e, depois, iniciou a marcha rumo ao Jordão. Não levando em consideração a ordem dos fatos, mas se atendo ao acontecimento narrado no capítulo dois, percebemos que, mais uma vez, Josué pôs em prática a experiência adquirida aos pés de Moisés. Como bom líder, investigou o inimigo a fim de desenvolver uma boa estratégia de ação.

A tática de investigar o território inimigo já fora utilizada (Nm13) e fez-se de novo necessária. A ordem aos espias foi: “Andai e observai a terra de Jericó” (2:1). Deus ainda não lhe dera instruções sobre Jericó, mas Josué sabia que, após a travessia do rio, a cidade seria a primeira a ser conquistada. Embora o texto não nos traga detalhes sobre a missão dos espias, é possível prever que partiram com o intuito de investigar o lugar, seu povo, o exército e suas debilidades.

O texto diz que Josué enviou “secretamente” os dois homens a Jericó. (2:1) Isso indica que nem mesmo o povo de Israel sabia da missão, pois o propósito era receber um relatório em particular e, não, publicamente, evitando a repetição do desastre narrado em Números 13 e 14. Agindo assim, Josué mostrou-se um líder precavido, que agia com discrição e sabedoria.

Sobre as primeiras ações de Josué, algumas lições podem ser aplicadas a nós, principalmente àqueles que exercem algum papel de liderança:

1) O bom líder transmite confiança. Observe com que confiança Josué falou ao povo: “dentro de três dias passareis este Jordão”. (1:11) Suas palavras não transmitiam incerteza a Israel. Com seus olhos da fé, ele via a travessia do rio como algo já acontecido. Sua certeza não se pautava na autoconfiança, mas na verdade da Palavra que lhe havia sido transmitida pelo Senhor. (1:2,9)

2) O bom líder sabe delegar. Josué sabia que os príncipes de Israel estavam à sua disposição, e utilizou a mão de obra que lhe estava disponível. O povo era uma grande massa de pessoas e seria impossível transmitir informações a mesma, sem contar com a ajuda dos magistrados. Um bom líder não faz tudo sozinho, tampouco é orgulhoso e prepotente. Ele sabe delegar funções para que os objetivos sejam alcançados de forma satisfatória. 

3) O bom líder tem um plano de trabalho. A maioria dos fracassos acontece porque não se estabelece um plano de trabalho. Josué sabia que a travessia do Jordão seria o primeiro passo e que a conquista de Jericó colocar-se-ia como o segundo. A partir disso, estabeleceu a estratégia de ação. Mandar os espias investigarem a cidade de Jericó antes do ataque fazia parte do seu plano de trabalho. O bom líder não apenas se preocupa em estabelecer um alvo a ser alcançado, mas também em como isso sucederá.

A fé na promessa de Deus não deve substituir, mas encorajar, nossa diligência no uso dos meios apropriados, ou seja, Josué tinha certeza da presença de Deus com ele. Mas, mesmo assim, enviouhomens adiante dele.

 

RAABE E SEU ATO DE FÉ

            Não sabemos como os dois espias passaram o Jordão, mas entraram em Jericó, que ficava a 12 quilômetros do rio. Lá, enquanto procuravam um lugar adequado para ficar, foram dirigidos à casa de Raabe, chamada de prostituta. Alguns comentaristas acreditam que ela possuía um tipo de hospedaria e, por isso, sua casa seria um lugar adequado para estrangeiros. Essa ideia baseia-se no fato de que os termos usados para “estalajadeira” e “prostituta” eram idênticos.

            Independentemente das interpretações, o fato é que Raabe foi uma mulher usada por Deus. É a protagonista de todo o capítulo dois; e suas ações marcaram seu nome na História. Segundo o relato do texto, sua casa ficava sobre a muralha de Jericó (2:15); quando os soldados da cidade foram prender os espias, pois o rei ficara sabendo da presença inimiga na cidade, Raabe despistou os militares, dizendo que os espiões não estavam mais ali. Todavia, tinha os escondido debaixo das canas do linho, sobre o teto plano da casa. Tais tetos ensolarados eram ideais para secar o linho. Visto que março era o mês da colheita de linho em Canaã, a conspiração entre Raabe e os espias ocorreu durante a estação do começo da primavera (março-abril).

Após a saída dos oficiais do rei de Jericó, Raabe subiu até o eirado e prestou um relatório aos enviados de Israel. E abriu seu coração, dizendo àqueles homens que a cidade de Jericó estava apavorada com a presença dos israelitas. Os feitos operados, até mesmo há mais de 40 anos antes, ainda deixavam o povo de Canaã atemorizado. (2:10) Tanto ela quanto o povo sabiam que o Senhor, Deus de Israel, era poderoso, e ninguém lhe poderia resistir.

O relato da mulher era suficiente aos espias; eles não precisariam ver mais nada. Com certeza, entenderam que o Senhor entregaria Jericó em suas mãos. Antes de se despedir, Raabe fez seu pedido de misericórdia: “assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai”. (2:12) Os espias aceitaram o apelo e firmaram um pacto de vida e morte, salvação e fidelidade. Após isso, Raabe fez com que descessem pela janela, mais uma vez arriscando sua vida pelos espias.

 Se olharmos com atenção a narrativa do capítulo, no qual uma meretriz torna-se a personagem principal, aprenderemos lições inestimáveis sobre a atitude dessa mulher, como:

Ø  Acolher os espias foi um ato de fé: Por mais que houvesse interesse de Raabe acolher os dois israelitas, sua atitude demonstrou um ato de fé. Ela arriscou sua vida, pois acreditava que somente um ato de misericórdia, vindo do povo de Deus, poderia salvá-la. Foi pela fé que recebeu, em paz, os que eram contra seu rei, por quem seu país tinha declarado guerra. (Hebreus 11:31) A salvação da sua família dependia dela. A fé de Raabe resultou em ações, e ela foi justificada por isso. (Tiago 2:25)

Ø  Raabe reconheceu o poder do Deus de Israel: As palavras de Raabe demonstraram um temor que talvez nem mesmo o povo de Israel tivesse: “Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós”. (2:8) Só de ouvir sobre os grandes feitos que Jeová tinha operado sobre a Terra, Raabe já reconhecia a soberania do Senhor: “porque o Senhor, vosso Deus, é Deus em cima nos céus e embaixo na terra”, disse a mulher. (2:11) Deve-se notar que ela manifestou mais do que um conhecimento intelectual sobre o Deus de Israel; ela possuía convicções em seu coração.

 

Mesmo que pareça contraditório, a personagem Raabe tem muito a ensinar à Igreja. A fé que essa prostituta teve é espelho para os cristãos. Uma fé que resulta em ações. Uma fé que espera. Uma fé que testemunha os feitos do Senhor. 

 

CONCLUSÃO

As primeiras medidas foram tomadas por Josué. O povo preparava-se para marchar para Canaã. À frente, o Jordão transbordando por causa das enchentes e, em seguida, a fortaleza de Jericó. Todavia nada poderia deter o povo de Deus. Foi assim no passado; é igual no presente, e sempre será. Deus cumpre suas promessas e, para isso, faz o que quiser, usa quem quiser e como quiser. Raabe foi um instrumento em suas mãos; ela confiou no Senhor e recebeu sua recompensa. De um general tão importante como Josué, a uma meretriz, tudo está sob a direção daquele que comanda todas as coisas.


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