Texto de Estudo

Isaías 65:17:

17 Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão.

 

INTRODUÇÃO

Os textos que iremos estudar nesta semana trazem a esperança de uma futura morada para os justos, em mundo novo e transformado. A paz que nos aguarda, a certeza de um lugar onde não existirá choro ou dor, a inexistência do mal e do pecado, a alegria que nos unirá em poder louvar e adorar ao nosso Deus face a face, de lua nova a outra, de um sábado ao outro, são incentivos para que busquemos mais o reino de Deus, para que ajuntemos cada vez mais os tesouros dos céus, aqui na Terra, trabalhando como servos fiéis, esperando a grande volta de nosso Senhor. Ele é o Único em quem devemos confiar! 

A esperança e a certeza que devemos manter nas promessas de nosso Deus fiel, e o juízo que aguarda os inimigos de Deus, também são temas importantes e que confirmam a necessidade do exercício diário da fé. O assunto central deste estudo levar-nos-á a uma profunda reflexão pessoal, importante para avaliarmos nossa vida como cristãos, homens e mulheres de Deus, que recebemos gratuitamente a oportunidade de reconciliação, de habitar um dia com o Pai, por efeito da morte de Cristo, nosso Salvador. 

Deus nos quer como adoradores fiéis que se entregam em espírito e em verdade. Esperemos, ansiosamente, o retorno de Deus e o momento em que viveremos em nosso novo lar. Então, seremos “um só rebanho e um só pastor”. (João 10:16)

Maranata! Vem, Senhor!

 

NOVOS CÉUS E NOVA TERRA (65:17)

O versículo 17 do capítulo 65 de Isaías começa com uma promessa: Deus “criará” novos “céus” e uma nova terra, ou seja, outro mundo. Nele, os justos habitarão. É interessante notar que o verbo “criar”, do original em hebraico, da raiz “bārā`”, só pode ser usado com relação à obra absoluta de Deus. Assim, só existe um sujeito para esse verbo, Deus. 

A palavra “céus” (šāmayim) também poder ser descrita como um domicílio, uma morada; porém, neste caso, de proporções divinas, algo que sequer pode ser imaginado por nós. Isaías, na verdade, reafirmou ou confirmou o que já vimos em versículos anteriores e que, posteriormente, encontraremos no Novo Testamento.1 (2 Pedro 3:13; Apocalipse 21:1) Os justos, os remanescentes, os santos de Deus terão uma nova morada e, por meio de Cristo Jesus, hoje ela já não pertence apenas ao povo judeu, mas a todos que aceitam a Jesus como seu Senhor e Salvador. 

Os teólogos e estudiosos da Bíblia não conseguem chegar a um consenso sobre haver uma grande renovação, ou realmente uma nova criação de todas as coisas , de outro mundo; todavia, de qualquer forma, tudo será novo, incluindo o povo de  Deus, que não mais será influenciado pelo pecado. As dores do passado, as angústias, as dificuldades da vida atual não mais serão lembradas, e “jamais virão à mente”. Isso não significa que perderemos a memória ou mesmo a identidade, mas que o passado já não importará. Será totalmente apagado pela Glória deste novo momento. Os corações e as mentes estarão livres para dedicar-se unicamente a louvar e glorificar àquele que é e que habitará entre o seu povo. “Eis que faço novas todas as coisas” (Apocalipse 21:5)

 

VIDA ABUNDANTE (65:18-23)

          Isaías 65:18 inicia com uma ordem: alegrem-se, regozijem-se, pois não haverá mais pranto, ou dor, e a Nova Jerusalém será um lugar de alegria. Notemos que Isaías, mais uma vez, repetiu que Deus criará uma habitação, “para a alegria” e, logo após, no verso 19, deixou claro que Deus também “sentirá prazer em seu povo”, demonstrando que não será apenas um mundo novo, mas seremos um povo transformado, de servos “agradáveis a Deus”. Não mais sentiremos a influência do pecado. Uma vida longa e abundante será o destino de todos (v. 20); as mortes prematuras não mais ocorrerão, e quem morrer aos 100 anos será considerado jovem, dando ideia de quão longas serão as vidas e cheias de dias . 

Na verdade, essa é uma declaração poética que expressa o clímax da vida significativa, abençoada e abundante que os justos terão na Nova Jerusalém. É evidente o contraste com a doença e a morte prematura que resultam da maldição de Deus. (Deuteronômio 28:20-22) No fim do verso 20, vemos ainda que Isaías relatou que serão considerados “malditos” os “pecadores” que não chegarem aos 100 anos, uma alusão ao pecado e suas consequências, que diretamente nos afasta de Deus e da possibilidade de fazer parte do novo tempo. 

Nos versos 21 a 23 de Isaías 65, vemos que a vida será mais justa e próspera; cada um construirá e habitará em seu lar, no qual comerá a abundância dos frutos do trabalho, e nada mais será usurpado. O verso 23 estende essa promessa às futuras gerações e à descendência dos justos, que terão a mesma felicidade.

É fácil entender esses textos à luz do contexto da história do povo de Deus que, por diversas vezes, foi escravizado e usurpado. Porém, não é difícil transportarmos também as promessas aos nossos dias e verificarmos que, ainda hoje, vivemos um tipo de escravidão. Muitos de nós não possuem sua casa própria, ganham salários pequenos e injustos, perto do que realmente produzem. Usufruímos pequena parte do que construímos! Deus prometeu acabar com tudo isso; os justos possuirão o que lhes é de direito.           

 

DEUS ANTECIPARÁ A NECESSIDADE DOS JUSTOS (65:24-25)

         Como vimos em Isaías 63:7 a 64:12, houve um tempo de aparente indiferença e silêncio de Deus para com o seu povo , causado pelo pecado e pela apostasia. Contrastando com essa ideia, encontramos, em Isaías 65:24, Deus agindo em favor dos justos, mesmo antes que o peçam em suas orações. “Antes de clamarem, eu responderei; ainda não estarão falando, e eu os ouvirei.” (Isaías 65:24 NVI) 

Nessa época, de maior espiritualidade, as orações serão respondidas como gostaríamos que fossem hoje. Não mais sofreremos sem uma resposta imediata, ou sem entender os desígnios de Deus. Não haverá tempo para a dor entre a oração e o louvor pela resposta. Haverá paz entre toda a criação; uma completa mudança na natureza dos seres. E os animais, que antes matavam para poder comer e sobreviver, coexistirão em paz. “O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá feno, como o boi, mas o pó será a comida da serpente. Ninguém fará nem mal, nem destruição em todo o meu santo monte, diz o Senhor” (Isaías 65:25 NVI) A serpente comendo o pó é uma clara alusão a Gênesis 3:14 e à maldição de Satanás, que será consumada. Não existirá mal ou injúria no Santo Monte do Senhor para todo o sempre. 

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ADORAR EM ESPÍRITO E EM VERDADE (66:1-9)

          Este capítulo começa fora do contexto, aparentemente Deus condenando o templo - cuja reconstrução ocorreu após o exílio - exatamente como fez a Natã, no tempo de Davi (2 Samuel 7:5-7), e como fará Estevão mencionando essa passagem de Isaías (Atos dos Apóstolos 7:48). Na realidade, é um repúdio às religiões material e superficial. 

É antiga a ideia idólatra de se construir um local para Deus habitar. É impossível para nós, humanos, confeccionarmos um lugar que o mereça. Deus é o criador do universo e onipresente. Isaías inicia o capítulo (v.1) com uma advertência à superficialidade! Logicamente, isso não quer dizer que não devemos construir nossos locais de encontro e templos, porém temos de entender que não é ali que Deus habita; e, sim, na fé de um coração contrito e arrependido. Uma alma bondosa é muito maior que qualquer templo. Deus é o criador de todas as coisas (v.2), do homem, e o que mais poderíamos criar que já não lhe pertença? Ele não dá a mesma atenção ao templo que dá a uma alma necessitada, abatida de espírito e que busca a Palavra, enchendo-se de temor. 

O verso 3, provavelmente, é uma alusão crítica às práticas e aos rituais de adoração durante o Reinado de Manasses. Os israelitas paganizados traziam elementos de sacrifício diferentes dos prescritos por Moisés e que já não eram agradáveis a Deus, que se contenta com um coração puro e adorador. O texto relaciona um paralelo entre quatro ações de cultos pagãos: sacrifícios de bois e humanos, abate de cães, manducação de porcos e saudação a ídolos. É possível que Isaías também estivesse relacionando as pessoas que praticavam tais sacrifícios àquelas que cometiam homicídios e outras coisas detestáveis. Pela desobediência, decidindo os infiéis seus próprios caminhos, Deus escolheu para eles o infortúnio (v.4).

“O auto-abandono à vontade de Deus é a essência da verdadeira fé.” (Henry Sloane Colfin) 

         Isaías trouxe, no verso 5, uma palavra de consolo aos fiéis excluídos e odiados pelos apóstatas infiéis e paganizados; eles provocaram zombeteiramente, dizendo: “Mostre o Senhor a sua glória, para que vejamos a vossa alegria”. Esses serão confundidos, e o Senhor trará o infortúnio sobre eles. Muitos estudiosos relacionam essa passagem à Igreja atual, às dificuldades que sofremos. Realmente, cada vez mais, observamos diversos grupos zombando de nossa fé. A voz do Senhor virá do templo e da cidade, causando grande turba pela dor que traz sobre os inimigos (v.6), e pela alegria chegada aos fiéis da Igreja triunfante. 

Sem esperas longas ou dificuldades, como as de um parto (v.7), Sião originará uma nação (v.8); neste caso, uma referência direta ao povo de Deus, que viverá na grande Jerusalém celestial, não apenas formado por Judeus, mas por todos os renascidos em Cristo Jesus. A esperança dos fiéis não será frustrada! 

O verso 9 é uma declaração de que Deus fará uma obra completa e perfeita. Como em um parto que, no momento correto, tem de acontecer, o Senhor afirmou que cumprirá todas as suas promessas. Deus geraria o parto na sua promessa e no seu propósito e não permitiria que viesse luz à sua realização?

 

ESPERANÇA NA FIDELIDADE. CASTIGO NA INFIDELIDADE (66:10-24)

            “Alegria” é a palavra chave na restauração do Reino de Deus! Todos aqueles que amam a Deus e sua Igreja – que sofreram e sofrem por isso - devem alegrar-se (v.10), pois serão consolados e serão reconfortados em meio à fartura (v.11). O simbolismo ousado de mamar e saciar-se em seios cheios de consolação é a forma que o profeta usou para enfatizar quão seguros e felizes os fiéis sentir-se-ão, como no seio da mãe acolhedora e consoladora.

Novamente, nos versos seguintes, o Senhor promete paz e prosperidade (v.12), consolação (v.13) e novo vigor (v.14) para seu povo. A mão do Senhor estará ao seu lado, assim como sua ira agirá contra os adversários. O Senhor “vindo em fogo” demonstra quão destruidora é a ação de sua ira; e ele executará juízo a toda a carne, e muitos serão os mortos (v.16). Essa declaração é aplicada, em especial, aos judeus apóstatas, paganizados e praticantes de formas de culto e adoração pecaminosa. (Isaías 65:3; 66:3) Eles purificavam-se (v.17) para entrar em jardins (locais de culto), onde um sacerdote ou sacerdotisa (deusa ou líder de culto em algumas traduções) dirigia uma cerimônia pagã (Ezequiel 8:11). E eram capazes de comer a carne de animais considerados impuros pela Lei Mosaica (Levíticos 11). O Senhor conhece todos os pensamentos e obras, e essa é uma descrição de julgamento em sentido mais amplo e penetrante (v.18), quando todas as nações ajuntar-se-ão e verão a glória de Cristo Jesus. 

No verso 19, a palavra sinal refere-se ao castigo que Deus infligirá sobre os inimigos, porém deixa claro que alguns serão poupados e enviados a nações diversas para anunciar a Glória de Deus. Existem diversas interpretações sobre esse versículo, podendo Társis ser uma região da Espanha, ou Tarso, na Cilícia. Pul e lude, provavelmente, são povos africanos (líbios e lídios), embora alguns estudiosos creiam que a tradução correta seria Pui, uma cidade mercantil de origem fenícia, na Espanha. Tubal refere-se, talvez, à região noroeste da Ásia menor; e Java, aos jônios da Grécia . 

Existe uma proximidade grande entre esse versículo e o texto de Ezequiel a Tiro, em Ezequiel 27:10-13. Alguns estudiosos utilizam aquele para fazer uma alusão à Igreja Missionária que viaja o mundo inteiro levando as boas-novas e anunciando a Glória de Deus e a época vindoura. Muitos voltarão ao Senhor, como sacrifícios vivos (Romanos 12:1), renovados e convertidos. (v.20) 

A palavra “irmãos”, provavelmente, refere-se a judeus retornando da diáspora romana . Os diversos meios de transporte citados, como carros, carroças, mulas, camelos, é uma forma de demonstrar quão numerosos serão. Os pagãos convertidos participarão do culto e serão escolhidos como levitas e sacerdotes (v.21). 

Este texto mantém um paralelo com a época atual. Todos nós, crentes fiéis, somos chamados ao sacerdócio e exortados a servir em espírito e em verdade, como forma de adoração agradável a Deus. Isaías encerrou o capítulo 66 com um resumo da promessa divina a seu povo: que serão duradouros os descendentes de seus nomes, como serão duradouros os novos céus e Terra que o Senhor criará. (v. 22) Juntos na nova Jerusalém, em uma nova habitação, o povo de Deus adorará o Senhor de uma lua nova a outra, e de um sábado ao outro. Essa colocação tem como principal objetivo relacionar que a adoração será perpétua. (v.23). Em oposto (v.24), os inimigos de Deus serão consumidos por fogo eterno e por vermes que não morrem, uma alusão clara ao sofrimento e castigo eterno dos ímpios. 

 

CONCLUSÃO

O Senhor dará cada um de nós uma nova morada. Um lugar onde não existirá dor, pecado, mal; poderemos viver em eterna comunhão para louvar, bendizer e adorar nosso Pai perpetuamente. Novos céus e nova terra serão criados, e Deus quer que possamos habitar com ele na Nova Jerusalém. Porém, o Senhor espera de nós um coração redimido, arrependido, obediente e fiel, que tem Cristo Jesus como Senhor e Salvador. Deus espera uma adoração em espírito e em verdade, e que nos portemos como servos fiéis e agradáveis, levando a sua Glória a todos os povos. 

Isaías resumiu, de maneira clara, o futuro dos salvos e a dor dos que se perderão. O texto deve-nos fazer refletir sobre o nosso posicionamento individual nessa escatologia, e sobre o quanto estamos preparados para a volta de nosso Pai, que espera todos nós em Seu Santo Monte!  

 

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