Texto de Estudo

Efésios 4:30:

30 E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.

 

INTRODUÇÃO

Já estamos na sétima lição do nosso estudo sobre o livro de Efésios. Todos os textos que temos estudado vêm nos desafiando, confrontando e orientando-nos a sermos cada vez mais parecidos com Cristo na nova vida que vivemos e também nos conduzindo a vivermos da forma que agrada o nosso Deus. O estudo de hoje não será diferente. Aprenderemos a importância de andar pelo caminho que o Senhor nos propõe, pois ele disse “Vós sereis santos, porque eu sou santo” (Lv  11:44). A santidade é tão importante que a Bíblia chega a afirmar que se não nos esforçarmos em segui-la não poderemos ver a Deus. (Hebreus 12:14). Veremos algumas regras que o novo homem precisa seguir para agradar a Deus. Tão importante quanto é dar o primeiro passo ao receber Jesus como nosso Salvador, é também essencial que prossigamos caminhando, todavia não nos mesmos caminhos que outrora percorríamos, mas andando em novidade de vida, separados do mundo e diferentes dele. Esse novo caminho exige de nós muito empenho. Certamente não é fácil trilhar por ele, mas não é impossível. 

 

NOVA VIDA, NOVO COMPORTAMENTO.

Uma das coisas mais difíceis para o ser humano é abrir mão das coisas, sejam elas materiais ou não, abstratas ou concretas. Não é fácil o processo de substituição ou abandono. Por exemplo: qual mãe, ou pai,  que não sofre ao entregar seu filho ou filha no altar na hora da cerimônia do casamento? Quantas pessoas que mesmo comprando móveis novos não conseguem desfazer-se dos velhos? Quem é que não tem em casa um lugar, por mais escondido que seja, cheio de coisas velhas que quase sempre não servirão para mais nada e algumas vezes estão atrapalhando e ocupando desnecessariamente aquele espaço? Quase todos têm guardado no guarda roupa vestes que não servem e nem servirão mais. Algumas pessoas agem assim quando recebem Jesus como seu Salvador. Elas até se revestem do “novo homem”, o problema é que elas esquecem de “se despojar do velho homem” (v.22). É como se colocássemos uma roupa branca e limpa por cima de uma roupa suja e com mau cheiro. Viver em novidade de vida é viver uma vida que exige de nós um comportamento distinto. Algumas diferenças são exigidas para aquele que não caminha mais segundo suas paixões. Certamente teremos que abrir mão de muitas coisas para que o Espirito Santo possa habitar e permanecer em nós.

Neste sentido podemos afirmar que era essa a preocupação de Paulo. O texto do nosso estudo deixa claro que a nova vida exige abandono de algumas práticas que não convém ao novo homem e que novas condutas substituem-nas. O desafio do cristão é viver dessa forma em todo tempo e em todos os lugares. Os conselhos sobre os quais o apóstolo discorre no texto dizem respeito aos nossos relacionamentos pessoais e interpessoais. A santidade não é uma condição mística experimentada com relação a Deus, isolada dos seres humanos. Ninguém pode ser bom “teoricamente”; tem que sê-lo no mundo real das pessoas.  O nosso comportamento vale mais do que muitas palavras. As pessoas nos observam, por isso viver em novidade de vida é caminhar diferente do mundo. Precisamos ser notados, pois não somos mais os mesmos. 

Um dos problemas do cristianismo pós-moderno é que nós nos tornamos muito teóricos, porém pouco práticos. Conhecemos os conceitos, mas pouco aplicamos no cotidiano. Pregamos o “venha como está” na preocupação de encher os templos, mas esquecemos da segunda parte da mensagem “mas não permaneça como está” com receio de esvaziar a igreja. Paulo não apenas se preocupou com conceitos, ele exige dos seus leitores uma vida prática que testifique que eles se despojaram da velha natureza. A maneira de falar, agir e pensar precisava ser distinta do tempo em que não conheciam a Cristo. Viver em novidade de vida não significa que depois que aceitamos o plano de salvação devemos frequentar outros supermercados, deixar de se relacionar com familiares não cristãos, pegar outra linha de ônibus para ir trabalhar. Não é uma mudança de rotina, é uma mudança de comportamento.

 

CINCO REGRAS DE PROCEDIMENTO

A partir do verso 25 Paulo apresenta cinco regras de comportamento que devemos seguir. Estas regras estão atreladas a atitudes que devemos evitar. Cada diretriz que o apóstolo apresenta está amarrada a uma verdade espiritual, como segue:

1 – Deixar a mentira e falar a verdade: essa primeira regra abre a lista de uma forma especial. O verbo grego traduzido por “deixando” está no aoristo e denota ação definitiva. Essa é a exigência dada ao novo homem, abandonar definitivamente todo mal proceder. Isso significa que em nossa nova vida não há lugar para mentira. Ela precisa ser abandonada e não deixada de lado para quando for necessário usá-la. Infelizmente ainda ouvimos cristãos dizendo que se o filho não obedecer irão leva-lo para tomar uma injeção. Por acaso existe vacina para “desobediência”? Não há mentira grande ou pequena, toda mentira é pecado porque provém do diabo, que é o pai da mentira (João 8:44).  O texto também aponta para o procedimento correto do cristão “Fale cada um a verdade”. O verbo falar, no original, está no presente, dando a entender que “falar a verdade” deve ser procedimento contínuo.  A verdade sempre convém a cristão. Ela sobrepõe a mentira e a destrói. Não é casual ou opcional, mas é habitual na vida do cristão. Os seguidores de Jesus (em quem está a verdade, v. 21) devem ser conhecidos na sua comunidade como pessoas honestas e fidedignas, em cuja palavra se pode confiar. A razão dada não somente é que a outra pessoa é nosso próximo, a quem as Escrituras ordenam que amemos, mas que, na igreja, o nosso relacionamento é ainda mais estreito, porque somos membros uns dos outros.  

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2 – Irar, mas não pecar: a ira é uma emoção e não estamos livres dela. Seja pela indignação contra o pecado (ira justa), seja pelas decepções alheias ou mágoas (ira injusta), ou simplesmente como reação natural, como quando acertamos o dedo com o martelo (emoção). As opiniões teológicas sobre este verso são diversas, todavia há um consenso entre todos: a ira, de qualquer tipo, não pode resultar em pecado. Ficar irado quando você leva uma “fechada” de alguém no trânsito é uma emoção inevitável, mas xingar o que cometeu a infração é pecado. A ira não deve ser alimentada, ela deve ser tão breve como é a duração de um dia. Talvez seja por isso que Paulo disse que o sol não deveria se por sobre ela. Isso não significa que o apóstolo nos dá margem para que possamos ficar irados durante um dia todo, não é isso, ele está nos exorando a não armazenar a ira, pois ela pode virar raiz de amargura.  Ele aponta para a verdade que Davi descreveu no Salmos 4 “Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai” (v.4). Nada melhor que uma noite de sono para esfriarmos a cabeça. 

3 – Não roubar, mas trabalhar honestamente: Paulo sabia que o Evangelho havia alcançado toda a sorte de pessoas e, entre essas, aquelas que tinham a fraqueza de praticar o furto. A palavra "furtar" ofende a muita gente, entretanto, ela está presente nas ações de muitos cristãos. O apóstolo  não falava para não cristãos, mas para pessoas que já haviam experimentado a nova vida em Cristo e se diziam "novas criaturas". Nas ações menores, naquelas que não aparecem, furta-se. Furta-se nas arrecadações legais do governo; nos dízimos; nos negócios particulares etc. (Malaquias 3:8-10; Romanos 13:7). Furto significa apropriação imerecida. Portanto, furtar implica desobediência a uma lei moral e divina que diz: "Não furtarás" (Êx 20.15).  O conselho é que se trabalhe de uma forma honesta, ou seja, para que o rendimento adquirido seja honesto. Paulo também aponta um fim específico para a boa renda. Não é enriquecer-se, que é o objetivo do ganancioso e avarento, pelo contrário, é através do salário digno poder ajudar o menos favorecido. Tem muito cristão que ganha seu dinheiro de uma forma honesta, mas quando se fala em contribuir na ajuda aos necessitados ele diz que o seu bolso ainda não se converteu. Alguma coisa está errada.

4 – Troque as palavras indecentes pelas palavras que edificam: Como é comum hoje em dia, os leitores de Paulo eram entregues à linguagem indecorosa, hábito que ficara tão arraigado que, possivelmente, ainda restassem vestígios disso. Torpe (sapros) significa “pútrido, baixo, moralmente nocivo”. Tal linguagem, mesmo que apenas sugerisse estilo anterior, seria extremamente imprópria para o cristão, mesmo que seja difícil.  Há uma determinação positiva. O cristão deve cultivar o hábito de falar só a palavra que for boa, definida aqui pelo que são “palavras apropriadas para a ocasião”.  As palavras que saem da boca do novo convertido devem edificar, no sentido de produzir bons resultados. Assim estas palavras ditas transmitem graça aos ouvidos dos que ouvem. Infelizmente hoje estamos cercados e pressionados a nos adaptarmos a um estilo sujo de falar, escrever e se expressar. A literatura, a música e a indústria cinematográfica são agentes disseminadores da linguagem imprópria. Por isso precisamos escolher muito bem o que ler, o que escutar e assistir, para que não nos contaminemos. Não podemos esquecer que a boca fala daquilo que o coração está cheio (Mateus 12:34), portanto zelemos com aquilo que o preenche.

5 – Não seja mal humorado, seja tolerante:  O verso 31 apresenta uma lista de disposições que caracterizam alguém que tem uma língua aguda como uma flecha e está pronto para “sair dos trilhos”, com respostas que mordem ou picam. Uma pessoa com um forte sentimento de antagonismo que é expresso por meio de explosão tumultuosa. Alguém que tem um coração que explode como uma fornalha ardente. Um sujeito que perde completamente seu autocontrole e que passa a agredir outros com gritos. Um ser que faz uso abusivo e ofensivo da língua, seja dirigida contra Deus ou contra o homem.  Paulo aconselha que tais atitudes devem estar longe de nós. Ele nos aconselha que sejamos benignos (crestos). Os gregos definiam esta qualidade como uma disposição da mente pela que se pensa dos assuntos alheios como se fossem próprios. A benignidade se preocupa com os sentimentos alheios como se fossem próprios; preocupa-se dos pesares, lutas e problemas de outros como dos próprios. A benignidade aprendeu o segredo de olhar sempre para fora, não para dentro. Faz com que perdoemos a outros como Deus nos perdoou. 

 

O SELO DO ESPIRITO DE DEUS

No verso 30 Paulo faz uma afirmação muito importante: “E não entristeçais o Espírito de Deus”. A principal característica do novo homem é a marca do Espírito Santo que ele carrega em si. Isso é fato porque ninguém pode nascer de novo se não for pelo e no Espírito Santo. De outra forma é impossível entrar no reino de Deus. (João 3:5). Este é um privilégio que todos buscam, receber o Espírito Santo, e é um dever de todos não entristecê-lo. Mas o que pode entristecer o Espírito de Deus? Visto que Ele é “Santo”, sempre ficará entristecido pela falta de santidade. Notamos também no versículo 30 as referências ao ser selado com o Espírito e ao dia da redenção. A selagem ocorre no início da nossa vida cristã (1:13); o próprio Espírito Santo, habitando em nós, é o selo com que Deus nos carimbou como sendo propriedade sua. O dia da redenção leva-nos a olhar para o fim futuro, quando o nosso corpo será redimido, pois somente então estará completa a nossa redenção ou libertação. Desta maneira, a “selagem” e a “redenção” referem-se, respectivamente, ao início e ao fim do processo de salvação. E entre estes dois pontos terminais devemos crescer em nossa semelhança com Cristo, e tomar cuidado para não entristecer o Espírito Santo. Ele é sensível. Odeia o pecado, a discórdia e a falsidade, e retrai-se para longe deles. Logo, se quisermos evitar que ele fique entristecido, devemos nos retrair para longe deles também. Todo cristão cheio do Espírito deseja dar-lhe prazer, e não dor. 

Este selo é a marca de propriedade. É conhecido e reconhecido pelas características próprias do senhor dessa propriedade, o qual é Cristo. Ninguém pode rasurar ou rasgar esse selo, que é a pessoa do Espírito Santo. Esse selo não é o batismo com o Espírito Santo, nem tampouco o batismo nas águas. Na verdade, esse selo indica o direito de posse de Cristo, para o qual estamos guardados (selados) para o dia da redenção, que é o da sua vinda.  O Selo do Espirito de Deus identifica a quem pertencemos, em quem fomos gerados e qual é o nosso destino. Sem Ele somos como uma carta envelopada e endereçada, porém sem o selo não tem nenhuma valia. Paulo disse que Ele é o “penhor da nossa herança” (1:14), ou seja, é a garantia de que receberemos o que Deus prometeu ao seu povo. Ele é o tesouro de maior valor que possuímos. Por isso precisamos cuidar dele. Seguir as cinco regras de procedimento que o apóstolo estabeleceu é uma atitude sabia ante o cuidado que precisamos ter para não ir contra o nosso Consolador.  Há um ditado que diz que quem ama cuida. Que possamos aprender a amar o Espirito Santo, afinal Ele é o próprio Deus habitando dentro de nós, que privilégio. 

 

CONCLUSÃO

Como foi dito na introdução do nosso estudo, trilhar o caminho que nos é proposto por Deus não é fácil, mas é possível. Despojar-se do velho homem é uma tarefa que exige sacrifício e revestir-se do novo também envolve esforço. Abandonar velhos costumes e adaptar-se a novos comportamentos é uma exigência para aquele que quer viver em novidade de vida. Não fique assustado se você ainda não consegue cumprir as cinco regras de conduta apresentadas no estudo de hoje. A conversão a Cristo é apenas o primeiro passo para o inicio da caminhada. Não esqueça que Paulo escreveu para cristãos convertidos, mas que talvez ainda estivessem falhando em algum ponto, como eu ou você talvez ainda estejamos falhando. Contudo, deve haver uma preocupação séria em abandonar, sepultar, abrir mão por definitivo de todo o comportamento pecaminoso. Como fazer isso? A palavra responde: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem” (Romanos 12:21) e procure fazer as coisas que alegram o Espirito Santo, pois Ele e somente Ele pode nos ajudar a superar as dificuldades que ainda temos que suplantar na nossa evolução espiritual. 

 

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